Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...
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VIII – “Foi engraça<strong>do</strong> ele a fazer cócegas nas pernas, foi engraça<strong>do</strong>.”Cartões -:VII – “Porque é muito violento.”III - E o <strong>do</strong> tigre também, este aqui, o <strong>do</strong> rei. Por causa <strong>do</strong> dragão. Ele pensa que é muito bommas <strong>de</strong>pois não é.”Análise <strong>do</strong> C.A.T.-AAten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às narrativas construídas <strong>no</strong> protocolo <strong>de</strong> C.A.T.-A <strong>de</strong> João verifica-se quepre<strong>do</strong>mina uma temática <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprotecção e <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>, concomitantes com umarepresentação da relação <strong>de</strong> objecto interna pouco securizante, protectora, contentora. Estãopatentes importantes lacunas precoces na construção da relação e da representação objectalcontentora, apazigua<strong>do</strong>ra e que fortaleça a estrutura egóica. De igual forma, encontra-se presenteum recorrente sentimento <strong>de</strong> ameaça - através da introdução <strong>de</strong> elementos exter<strong>no</strong>s querepresentam a fonte <strong>de</strong> perigo, o qual perante a <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> da estrutura, inva<strong>de</strong> e compromete oself (o bom objecto) - face à qual não dispõe <strong>de</strong> recursos inter<strong>no</strong>s para enfrentar. Ainda que aposição correspon<strong>de</strong>nte não seja elaborada, verificam-se importantes núcleos <strong>de</strong>pressivos, osquais remetem para uma falha primitiva da estrutura básica, sen<strong>do</strong> a temática da perda muitopresente. Neste senti<strong>do</strong>, a angústia <strong>do</strong>minante parece ser <strong>de</strong> <strong>de</strong>samparo e perda <strong>de</strong> objecto (a qualparece associada a falhas importantes ao nível da relação mais precoce). São evi<strong>de</strong>ntes núcleos <strong>de</strong>maior fragilida<strong>de</strong>, <strong>no</strong>s quais se verifica a necessida<strong>de</strong> da criança <strong>de</strong> apoio, <strong>de</strong> suporte, <strong>de</strong> umarelação securizante e contentora, e o seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser (afectivamente) cuidada e protegida. Asrepresentações <strong>de</strong> relações são na sua maioria duais, sem evocação e integração <strong>do</strong> conflitoedipia<strong>no</strong>, sen<strong>do</strong> as representações <strong>do</strong> imago pater<strong>no</strong> ausentes e <strong>do</strong> imago mater<strong>no</strong>significativamente reduzidas e quan<strong>do</strong> apresentadas reduzidas a funções instrumentais, pelafuncionalida<strong>de</strong> e pela ausência <strong>de</strong> afecto, surgin<strong>do</strong> nas histórias da prova temática temas relativosà oralida<strong>de</strong> e ao cuida<strong>do</strong> pela alimentação.Do ponto <strong>de</strong> vista simbólico as narrativas são construídas com algum grau <strong>de</strong> restrição ecom recurso ao conteú<strong>do</strong> manifesto <strong>do</strong>s cartões e portanto pouco elaboradas, o que, a par <strong>do</strong>smecanismos <strong>de</strong>fensivos empregues (projecção, omnipotência), parece remeter para a existência<strong>de</strong> algumas dificulda<strong>de</strong>s em mentalizar e representar simbolicamente as dinâmicas conflituaisintrapsíquicas. Ainda assim, a sua aproximação frequente a temas <strong>do</strong> contexto quotidia<strong>no</strong> erelacional parece indicar uma tentativa, ainda que superficial, <strong>de</strong> se adaptar à realida<strong>de</strong>.205