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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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or<strong>de</strong>rline na infância, cuja natureza afectiva e relacional tem vin<strong>do</strong> a ser sistematicamentesustentada na literatura psicanalítica.Sen<strong>do</strong> comum, <strong>no</strong>rmal e constituin<strong>do</strong>-se por um <strong>do</strong>s mais importantes propulsores <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento infantil (Corman, 2003), a rivalida<strong>de</strong> fraterna parece ser um <strong>do</strong>s movimentosassinaláveis <strong>no</strong> <strong>de</strong>senho da família <strong>de</strong> Afonso, sen<strong>do</strong> inclusivamente uma das irmãs escotomizada(com a qual Afonso mantém uma relação <strong>de</strong> maior conflitualida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> o maior alvo das suasprojecções agressivas), parecen<strong>do</strong>-<strong>no</strong>s que esta se encontra relacionada com a necessida<strong>de</strong> que acriança tem da exclusivida<strong>de</strong> da relação dual com os imagos parentais. A percepção <strong>do</strong>s laços<strong>familiar</strong>es parece ser concomitante com uma representação <strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sprotecção edistanciamento (patente na gran<strong>de</strong> retracção das figuras e na ausência <strong>de</strong> contacto entre elas) –até mesmo o posicionamento das figuras <strong>no</strong> espaço da folha <strong>no</strong>s faz pensar na possibilida<strong>de</strong> daexistência <strong>de</strong> uma angústia <strong>de</strong> aban<strong>do</strong><strong>no</strong>, <strong>de</strong> queda ou perda <strong>do</strong> amor <strong>do</strong> objecto.Se consi<strong>de</strong>rarmos que a primeira personagem <strong>de</strong>senhada é quase sempre a maisimportante aos olhos da criança (Corman, 2003), tomamos aqui em consi<strong>de</strong>ração o <strong>lugar</strong>primordial que o pai ocupa na dinâmica interna da criança, sen<strong>do</strong> a personagem mais investida evalorizada, tanto na produção como na narrativa que a acompanha, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> tanto revelar algumai<strong>de</strong>alização como o <strong>de</strong>sejo edipia<strong>no</strong> <strong>de</strong> ocupar o seu <strong>lugar</strong>. A personagem representativa da figuramaterna encontra-se, por sua vez, consi<strong>de</strong>ravelmente <strong>de</strong>svalorizada, e ainda, que mais próximadas figuras infantis, remete para uma representação <strong>de</strong> ausência e indisponibilida<strong>de</strong>.Salienta-se, igualmente, a pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> uma temática relativa à dicotomiacheio/vazio, a qual parece reportar-se aos processos <strong>de</strong> clivagem operante, mas também aossentimentos <strong>de</strong> incompletu<strong>de</strong> e esvaziamento. Assinala-se, ainda assim, que, a partir da presenteprodução, Afonso parece ter integrada a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> estrutura <strong>familiar</strong> bem como das diferençasetárias e <strong>de</strong> género. Salienta-se, porém, a pobreza simbólica e a imaturida<strong>de</strong> gráfica da produção.134

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