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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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Questionamento:1. Quem é esta pessoa/personagem, que ida<strong>de</strong> tem e o está a fazer?“É o ‘mora<strong>do</strong> da minha irmã, chama-se Ruben, é quesci<strong>do</strong>, muito, muito, muito, tem 1000 a<strong>no</strong>s,é a inventar e já morreu. ‘Tá a cair p’ó chão. Ele chama-se o Monstro, o Monstro Bolacha. Unsbaços gan<strong>de</strong>s p’a ele agarrar melhor!”2. Conta-me uma história sobre ele.“É o Ruben, ainda ‘tá <strong>no</strong>vo, tem 10 a<strong>no</strong>s. Ele ‘tá a comer as pessoas, ‘tá muito mauzão. Chegou acasa, fez um buraco, foi lá p’a <strong>de</strong>ntro. A mãe <strong>de</strong>le diz: «Já trouxeste comida?», «Não, esqueci-meda comida que eu ‘tava a comer.». Depois foi lá p’a fora, apanhou pessoas, pôs <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umsaco, muitas lá p’a <strong>de</strong>ntro. Tirou todas as pessoas, todas, todas, todas, e ficou tu<strong>do</strong> vazio. Foi láp’a <strong>de</strong>ntro e <strong>de</strong>u a comida à mãe p’a ela fazer a comida. Cortou a cabeça e comia, o resto era p’ófilho. Ele foi apanhar uma couve e essa couve era a palmeira, pôs lá <strong>de</strong>ntro a couve p’a jantar.Acabou. Fim da história.”Análise psicodinâmicaRelativamente às características grafo-expressivas, a produção <strong>de</strong> Tomás perante asolicitação <strong>de</strong> uma figura humana masculina parece conter uma intensa inquietação.Efectivamente, ainda que manten<strong>do</strong> as características <strong>de</strong> imaturida<strong>de</strong> com que realizou os<strong>de</strong>senhos anteriores, a violência <strong>do</strong> traça<strong>do</strong> que confere à figura parece <strong>de</strong><strong>no</strong>tar a intensida<strong>de</strong> daangústia interna, também comunicada através da narrativa, <strong>de</strong> <strong>de</strong>samparo, voltan<strong>do</strong> a verificar-sea dicotomia cheio/vazio. O sol, que parecia comportar calor e uma co<strong>no</strong>tação positiva eagradável, é bruscamente risca<strong>do</strong>, parecen<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senho invadi<strong>do</strong> pela força pulsional nãomentalizada. O discurso, por outro la<strong>do</strong>, per<strong>de</strong> a sua coerência, tornan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>sorganiza<strong>do</strong> econtamina<strong>do</strong> pelo processo primário <strong>de</strong> pensamento, incluin<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>s arcaicos <strong>de</strong> umaagressivida<strong>de</strong> oral. Refere-se, ainda, que a partir da narrativa parecem-<strong>no</strong>s existir zonas <strong>de</strong> algumaconfusão <strong>do</strong> pensamento, não só quase como se fosse para si expectável que o outro percebesseo que ele está a pensar (o que revela a fragilida<strong>de</strong> das fronteiras que <strong>de</strong>limitam Eu/Outro,<strong>de</strong>ntro/fora), mas também a contaminação entre os conteú<strong>do</strong>s provenientes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>fantasmático e da realida<strong>de</strong>.235

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