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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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caso particular <strong>de</strong>sta investigação, não só na entrevista realizada com os pais e <strong>no</strong>s da<strong>do</strong>s dahistória clínica mas principalmente nas provas projectivas (<strong>de</strong>stacamos os resulta<strong>do</strong>s na aplicação<strong>do</strong> C.A.T e <strong>do</strong> F.R.T.), verificamos que a percepção que estas crianças têm das suas famílias é <strong>de</strong>maior controlo e me<strong>no</strong>r constância afectiva, da<strong>do</strong>s consistentes com a investigação <strong>de</strong> Zweig-Frank e Paris (1991) <strong>de</strong> que pacientes com O.B.P. reportam, tanto <strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s pais como dasmães, a percepção <strong>do</strong>s seus pais como significativamente me<strong>no</strong>s carinhosos e mais controla<strong>do</strong>res.A existência <strong>de</strong> conflito intra-<strong>familiar</strong>, quer entre o casal parental (congruente com Walsh, 1977,cujo estu<strong>do</strong> concluiu que uma significativa percentagem <strong>de</strong> adultos com O.B.P. reportam relaçõesparentais conflituosas) quer entre pais-criança, ou <strong>no</strong> âmbito da fratria é, também, um <strong>do</strong>saspectos salientes à percepção da dinâmica <strong>familiar</strong> <strong>de</strong>stas crianças, bem como a gran<strong>de</strong>dificulda<strong>de</strong> em lidar com a conflitualida<strong>de</strong> entre irmãos, pelos quais são expressos frequentessentimentos <strong>de</strong> hostilida<strong>de</strong>, hipótese previamente colocada por Kernberg e colabora<strong>do</strong>res (2003).Efectivamente, testemunhar violência intra<strong>familiar</strong>, como acontece em pelo me<strong>no</strong>s um <strong>do</strong>s casosanalisa<strong>do</strong>s (Afonso, embora coloquemos a hipótese <strong>de</strong> tal acontecer com Tomás), tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>uma experiência traumática intra<strong>familiar</strong> na infância, constitui-se como um factor <strong>de</strong> risco,afectan<strong>do</strong> a criança não só directamente, como indirectamente através da influência na relaçãocom o/os cuida<strong>do</strong>r/es e entre os restantes membros da constelação <strong>familiar</strong> (Liotti, 2000). Asinvestigações <strong>de</strong> Soloff e Millward (1983) permitiram verificar um padrão <strong>de</strong> patologia <strong>familiar</strong>em indivíduos com funcionamento limite, o qual se constitui pela presença <strong>de</strong> mães <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>rase excessivamente simbiotizantes, pais hostis e distantes e relações conjugais conflituosas, padrõesque em pelos me<strong>no</strong>s <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s casos (Afonso e Tomás) po<strong>de</strong>mos constatar.A inconsistência materna e nas práticas parentais aliada a uma parentalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobreenvolvimentoe tendência para o controlo, segun<strong>do</strong> Bezirganian e colabora<strong>do</strong>res (1993), é umpreditor específico <strong>de</strong>sta psicopatologia, encontran<strong>do</strong>-se patente <strong>no</strong>s relatos <strong>do</strong>s pais naentrevista, assim como a falta <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> reflexiva e <strong>de</strong> contingência <strong>no</strong>s cuida<strong>do</strong>s e nasrespostas aos comportamentos e necessida<strong>de</strong>s da criança. Esta falta <strong>de</strong> continência, reflectida nadificulda<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nte <strong>no</strong>s pais analisa<strong>do</strong>s em ler, perceber e dar um sen<strong>do</strong> e uma ressonânciaemocional aos esta<strong>do</strong>s da criança é, também, algo verifica<strong>do</strong> em investigações prece<strong>de</strong>ntes asquais <strong>de</strong>stacam relatos <strong>de</strong> indivíduos com P.B.P. <strong>de</strong> pais pouco contingentes, me<strong>no</strong>s atentos,compreensivos e afectuosos (Sack et al., 1996).O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ban<strong>de</strong>low e colabora<strong>do</strong>res (2005) confirmou a associação com a existência<strong>de</strong> patologia limite e a a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> estilos <strong>de</strong> parentalida<strong>de</strong> ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s. Parece-<strong>no</strong>s bastanteproeminente, na totalida<strong>de</strong> das crianças investigadas, e embora os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>no</strong>sinstrumentos quantitativos não apontem linearmente <strong>no</strong> mesmos senti<strong>do</strong>, facto que pensamos49

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