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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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mentalizadas, particularmente em situações <strong>de</strong> particular intensida<strong>de</strong> emocional por possuíremum sistema <strong>de</strong> vinculação <strong>de</strong>sorganiza<strong>do</strong> emergente <strong>de</strong> erros precoces sistemáticos <strong>de</strong>comunicação e interacção não contingentes pelo presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s (e.g. sentimentos <strong>de</strong>ameaça externa, situações <strong>de</strong> maior conflitualida<strong>de</strong> interna).As pre<strong>do</strong>minantes e evi<strong>de</strong>ntes angústias <strong>de</strong> aban<strong>do</strong><strong>no</strong>, perda ou separação e <strong>de</strong> invasãopelo objecto, são inquietações relativas às fronteiras <strong>do</strong> Self. Tal conflitualida<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong> àfragilida<strong>de</strong> da estrutura psíquica na qual os limites (inter<strong>no</strong>s) se encontram pouco <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s esenti<strong>do</strong>s como porosos, ténues ou solúveis. Verificamos que estas angústias são constantes,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da proximida<strong>de</strong> <strong>do</strong> objecto exter<strong>no</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser experienciada uma angústia<strong>de</strong> separação mesmo próximo <strong>do</strong> outro, e uma angústia <strong>de</strong> intrusão mesmo que este estejadistante (Pasini & Dameto, 2010).No que concerne à representação da dinâmica <strong>familiar</strong> <strong>do</strong> funcionamento bor<strong>de</strong>rline, oconflito triangular parece ser infiltra<strong>do</strong> por questões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pré-edipiana, características darelação primitiva entre a criança e a mãe, comuns às fases oral e anal, comportan<strong>do</strong>, por isso, umadimensão agressiva substancial. Verificou-se uma incapacida<strong>de</strong> comum para representarem ospais como um casal (à semelhança <strong>de</strong> Kernberg et al, 2003), sen<strong>do</strong> a conflitualida<strong>de</strong> edipianavivenciada <strong>de</strong> forma distorcida e não integrada, pelas já referidas dificulda<strong>de</strong>s <strong>no</strong>s processos <strong>de</strong>separação e individuação, <strong>de</strong> auto<strong>no</strong>mia, e pela não integração da constância <strong>do</strong> Self e <strong>do</strong> objecto,particularmente <strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s meni<strong>no</strong>s, já que o necessário movimento <strong>de</strong> separação da mãe ei<strong>de</strong>ntificação ao pai acarreta o me<strong>do</strong> insuportável <strong>do</strong> seu aban<strong>do</strong><strong>no</strong>. A relação <strong>familiar</strong> parecerevestir-se <strong>de</strong> imprevisibilida<strong>de</strong> e fragilida<strong>de</strong>, uma instabilida<strong>de</strong> <strong>no</strong>s esta<strong>do</strong>s mentais ecomportamentais <strong>do</strong>s seus membros, como se não existissem estratégias intermédias <strong>de</strong> regulação<strong>do</strong> sentir e das situações (recordamos as falhas <strong>de</strong> mentalização <strong>do</strong>s próprios pais). Por exemplo,são mães que, observan<strong>do</strong> a criança a fazer algo que não consi<strong>de</strong>ram a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, nada fazem,supon<strong>do</strong>, <strong>no</strong> entanto, que a criança tenha o conhecimento prévio <strong>do</strong> que <strong>de</strong>ve e não <strong>de</strong>ve fazer,manifestan<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois explosões <strong>de</strong> uma raiva não mentalizada e inconsciente e extremamenteculpabilizante para a com criança, muitas vezes até sem aparente <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante exter<strong>no</strong>,incapazes <strong>de</strong> se conter e organizar <strong>de</strong>fesas. As crianças, pacientes i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s na constelação<strong>familiar</strong>, parecem ser usadas como alvo das projecções negativas <strong>do</strong>s pais (salientamos adificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s pais em evocar qualquer qualida<strong>de</strong> na criança) e como objectos narcísicosgeralmente da mãe, mantidas numa relação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência e funcionalida<strong>de</strong>.Neste senti<strong>do</strong>, as representações parentais manifestas <strong>no</strong>s casos analisa<strong>do</strong>s encontram-seligadas a representações <strong>de</strong> imagos mater<strong>no</strong>s na sua maioria i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>s, <strong>no</strong>s quais as dimensõesagressivas são <strong>de</strong> forma pouco sanígena anuladas (João e Tomás), ainda que <strong>de</strong>vamos consi<strong>de</strong>rar56

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