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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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transição para a família a<strong>do</strong>ptante João teve algum acompanhamento psicológico (através <strong>de</strong> umaclínica privada) mas ao momento não se verificava por razões económicas.Acerca <strong>do</strong> filho contam, igualmente, que este nunca está quieto, que não se concentra naescola, embora tenha transita<strong>do</strong> sempre <strong>de</strong> a<strong>no</strong>. Ingressou <strong>no</strong> primeiro a<strong>no</strong> ainda na instituiçãoon<strong>de</strong> se encontrava, contu<strong>do</strong> mu<strong>do</strong>u <strong>de</strong> escola <strong>no</strong> final <strong>do</strong> a<strong>no</strong> lectivo, altura em que foia<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>, revelan<strong>do</strong> boa adaptação, segun<strong>do</strong> os pais. Ainda assim, a mãe diz que perceberam“que ele era nervoso e que os colegas o picavam”, motivo pelo qual tinham <strong>lugar</strong> alguns conflitoscom pares. Os pais continuam referin<strong>do</strong> que nessas circunstâncias João era sempre o culpa<strong>do</strong>,sen<strong>do</strong> a presença da mãe solicitada à escola constantemente, até que esta começou a ir espreitaros intervalos e a filmá-los durante o 4º a<strong>no</strong> lectivo para <strong>de</strong>pois reunir com a professora. “João émuito provoca<strong>do</strong>r, também respon<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> há confusão está sempre lá. Não obe<strong>de</strong>ce à mãe. Nãotem <strong>no</strong>ção <strong>do</strong> perigo e é bastante <strong>de</strong>sastra<strong>do</strong>.” Com ao pai, continua a relatar a mãe, “tem maisrespeito; ele dava-lhe palmadas porque o João me faltava ao respeito, chamava-me porca”. A mãerefere na consulta que “faz ver ao João que tem tu<strong>do</strong>, que lhe dão tu<strong>do</strong>” e pergunta-lhe porque éque é assim, repetin<strong>do</strong>, frequentemente, que é a mãe <strong>de</strong>le.Ainda nas consultas <strong>de</strong> pe<strong>do</strong>psiquiatria os pais referem consi<strong>de</strong>rar que, quan<strong>do</strong> crescer,João po<strong>de</strong> querer ver a mãe biológica, e por isso guardam o processo da criança para ele ver e<strong>de</strong>cidir se realmente a quer ver. No mesmo senti<strong>do</strong> indicam que o filho tem uma irmã,actualmente com 10 a<strong>no</strong>s, da qual foi separa<strong>do</strong> uma vez que não foi possível que fossema<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>s juntos, e que João fala muito na irmã, porém os pais a<strong>do</strong>ptivos <strong>de</strong>sta não permitem ocontacto da fratria.Os pais indicam que, na altura da a<strong>do</strong>pção, a criança tinha me<strong>do</strong> <strong>de</strong> estar sozinha,acordava muitas vezes e tinha muitos pesa<strong>de</strong>los (recorren<strong>do</strong> na altura ao pai para que estivessejunto <strong>de</strong>le), e que ainda hoje, apesar <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmir bem e a<strong>do</strong>rmecer rapidamente, chama a mãevárias vezes para o a<strong>do</strong>rmecer. A mãe conta um sonho <strong>de</strong> João, próximo da data da consulta, emque segun<strong>do</strong> a criança “entravam pela janela e queriam roubá-lo. Sempre teve a preocupação <strong>de</strong>fechar bem a janela à <strong>no</strong>ite”.No que concerne à alimentação, a mãe diz que a criança come bem, “<strong>de</strong> tu<strong>do</strong>”, e que jáemagreceu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que frequenta a consulta <strong>de</strong> obesida<strong>de</strong>. Quan<strong>do</strong> foi viver com os pais, a mãeconta que João engor<strong>do</strong>u 20 quilos, e que tem o hábito <strong>de</strong> abrir o frigorifico “100 vezes ao dia”, eque por isso não po<strong>de</strong>m ter “<strong>do</strong>cinhos porque ele é muito guloso”. Mãe diz que quan<strong>do</strong> João ficanervoso “a tendência é logo para ir comer” e que, <strong>no</strong> inicio, a criança ia comer para <strong>de</strong>baixo dacama.180

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