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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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Mãe: “Foram-se embora, ela meteu-os lá. Eu não sou assim.”Ψ: “E existiu essa hipótese, <strong>de</strong> terem a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is irmãos?”Mãe: “Não, não, porque é assim… E daí, se fosse possível, a gente se calhar até trazia. Só quequan<strong>do</strong> nós fomos buscar o João já a irmã <strong>do</strong> João tinha si<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ptada por um casal <strong>de</strong> [Concelhodistante], que e já liguei para eles, ela perguntou como é que eu sabia o <strong>no</strong>me <strong>de</strong>les e eu disse-lheque visse <strong>no</strong> processo da menina que <strong>de</strong>viam estar os meus da<strong>do</strong>s assim como eu tinha os <strong>de</strong>la <strong>no</strong>processo <strong>do</strong> João, para os irmãos po<strong>de</strong>rem comunicar.”Ψ: “E eles mostraram-se receptivos a essa i<strong>de</strong>ia?”Mãe: “Não.”Pai: “Eu já tentei ligar e eles não…e o João <strong>de</strong> vez em quan<strong>do</strong> dá-me isso em cara.”Mãe: “O João dá-me isso em cara: «Vocês não querem que eu veja a minha irmã.». eu acho queisso é chantagem…”Pai: “Eu digo-lhe que um dia vamos conseguir, um dia vamos conseguir. Eu digo-lhe sempre: «Opai já te disse o que é que se passou, aconteceu isto assim, assim… Agora o que é que tu fazias?Eu não sei on<strong>de</strong> é que eles moram, tenho muitas portas p’ra bater»…Mãe: “Eu ainda quero ir a [localida<strong>de</strong>], e um dia <strong>de</strong>stes vou, só que em vez <strong>de</strong> ligar <strong>de</strong> casa, não, ese tiver a morada <strong>de</strong>les, ponho-me à porta e ligo para aquele número.”Pai: “Um dia, nas férias, quem sabe… Vamos dar uma voltinha e po<strong>de</strong> ser que apareçamos <strong>de</strong>surpresa.”Ψ: “E que modificações é que o João trouxe à vossa dinâmica <strong>familiar</strong>, à vossa relação comocasal, às vossas rotinas?”Mãe: “Ah, foi uma volta <strong>de</strong> 500, 800 graus para mim, mu<strong>do</strong>u a <strong>no</strong>ssa vida. Nós sempre saímosmuito, agora não sou capaz <strong>de</strong> ir a algum la<strong>do</strong> sem o meu filho, eu e o meu mari<strong>do</strong>. Eu, porexemplo, se fizer a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> casada, sei lá, às vezes precisamos <strong>de</strong> ter o <strong>no</strong>sso espaço, um com ooutro, ir jantar fora, eu não sou capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o meu filho, não sou, vai con<strong>no</strong>sco. Atão a gentevai buscá-lo para ele ficar com outros?!”Pai: “A diferença foi que parece que <strong>no</strong>s unimos ainda mais (riem-se)…”Mãe: “Agora é tu<strong>do</strong> p’ró filho, tu<strong>do</strong> p’ró filho, abrimos uma conta p’ra ele, mas o João não mexesem or<strong>de</strong>m minha.”Pai: “O abo<strong>no</strong> vai para lá, é <strong>de</strong>le.”Mãe: “O abo<strong>no</strong> e mais dinheiro que a gente põe. Pronto, a gente somos uni<strong>do</strong>s, somos, maspronto, mu<strong>do</strong>u um bocadinho, há sempre aquela coisa, somos muito felizes, graças a Deus, maso João tem-<strong>no</strong>s da<strong>do</strong> tanta ralação, tanta ralação.”Pai: “Mas ele comigo dá-se muito bem, eu para ele sou, sou… Com a mãe é diferente, talvezporque foi a mãe que lhe fez mal.”Mãe: “Mas para pedir alguma coisa ou assim é comigo, o pai não lhe faz as vonta<strong>de</strong>s como eu…Ele também me abraça muito…”216

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