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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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História“Este sou eu… Este tem <strong>de</strong> ter uma cabecinha pequenina, é o meu pai. (escreve os <strong>no</strong>mes por cima dasfiguras) Agora é a minha mãe. Era uma vez o João que ia para casa buscar a mala para ir para aescola e o pai e a mãe <strong>do</strong> João iam com ele e iam levá-lo para a escola. Mas aconteceu uma coisa<strong>no</strong> carro que o carro avariou-se. Não havia mais gasolina. Não havia mais gasolina. E o João teveque ligar para o primo a dizer que era preciso ir buscar mais gasolina. E <strong>de</strong>pois foram falar com otio. E <strong>de</strong>pois…já não me lembro. E <strong>de</strong>pois o primo foi buscar gasolina à bomba e veio trazer aotio. E <strong>de</strong>pois lá foi levar à escola. Vitória, vitória, acabou-se a história.”Análise psicodinâmicaPerante a solicitação <strong>de</strong> que realize um <strong>de</strong>senho à sua vonta<strong>de</strong>, João <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> elaborar umaprodução alusiva à família e a uma situação quotidiana. Efectivamente, com um traça<strong>do</strong> inseguro,pouco firme e graficamente imaturo, João inclui a representação <strong>de</strong> uma figura masculina – o pai-, pela qual começa, o que <strong>no</strong>s parece indicar o alvo <strong>de</strong> maior investimento afectivo da criança,segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma figura que o representa a si, encontran<strong>do</strong>-se ambos significativamente perto, epor fim uma figura feminina representativa da mãe, separada por uma casa. Esta separação entreos personagens parece simbolicamente indicar uma representação <strong>de</strong> distanciamento associada aoimago mater<strong>no</strong>. As figuras encontram-se como que a flutuar, parecen<strong>do</strong> efectivamente<strong>de</strong>samparadas, o que remete para uma representação <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> suporte e segurança. A casa-larparece-<strong>no</strong>s, por outro la<strong>do</strong>, extremamente fechada (<strong>de</strong>staca-se a ausência <strong>de</strong> janelas) e<strong>de</strong>sinvestida, ten<strong>do</strong> fica<strong>do</strong> inacabada, fazen<strong>do</strong>-<strong>no</strong>s, neste caso, pensar na indisponibilida<strong>de</strong> e nafalta <strong>de</strong> segurança, afecto e conforto provenientes da fantasmática associada ao lar e a umarepresentação contentora ligada ao imago mater<strong>no</strong>. Parece-<strong>no</strong>s, ainda, importante referir aausência <strong>de</strong> uma diferenciação <strong>do</strong>s personagens em termos geracionais, e uma representação <strong>de</strong>um e<strong>no</strong>rme vazio (inter<strong>no</strong>, afectivo e relacional) que a produção evoca.187

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