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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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e que remetem para os tempos <strong>de</strong> institucionalização (“fui-te buscar à instituição e é assim que tuagra<strong>de</strong>ces?!”). A mãe afirma que muitas vezes tem <strong>de</strong> lhe bater para que ele a respeite, já que ofilho “estraga tu<strong>do</strong>, muitas vezes com malda<strong>de</strong>”.Em Setembro <strong>de</strong> 2010 o pai indica numa consulta “está há quatro a<strong>no</strong>s con<strong>no</strong>sco e aindanão lhe consegui tirar o teimoso, o mentiroso e o guloso!”. Nesta altura começa a apresentargran<strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização pessoal (dizen<strong>do</strong> frequentemente “ninguém gosta <strong>de</strong> mim”). A impressãoda pe<strong>do</strong>psiquiatra é a <strong>de</strong> que se tratam <strong>de</strong> “pais muito <strong>de</strong>scontentes com este filho que pensamter salvo da instituição, <strong>de</strong>volven<strong>do</strong> permanentemente a imagem <strong>de</strong> um mau filho, que nãocorrespon<strong>de</strong> às suas expectativas e que não os recompensa pelo bem que lhe fizeram. A criançanão sente segurança nesta família nem amor incondicional - mensagens (directas e indirectas)alusivas a viver na instituição”.Em Março <strong>de</strong> 2011, verificam-se sérias alterações <strong>de</strong> comportamento na escola -implicava com os colegas, atirava pedras, picou o pescoço <strong>de</strong> uma colega com o lápis, ameaçouatirar-se da janela, grita na sala <strong>de</strong> aula, perturba o funcionamento da turma e exibecomportamentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> violência com os pares, ainda que os pais refiram que João é muitoprovoca<strong>do</strong> pelos pares – mas também em casa - muito impulsivo, sai <strong>de</strong> casa sem dizer nada. Éintroduzida terapêutica farmacológica através <strong>do</strong> Invega.Em Novembro <strong>de</strong> 2011 começa com Metilfenidato e é orienta<strong>do</strong> para a consulta <strong>de</strong>psicologia <strong>do</strong> Hospital Garcia <strong>de</strong> Orta (on<strong>de</strong> mantém seguimento quinzenal). <strong>Na</strong> mesma altura, afamília indica à pe<strong>do</strong>psiquiatra que confronta o João com <strong>do</strong>cumentos anteriores à a<strong>do</strong>pção,reforçan<strong>do</strong> a chantagem que exercem sobre o filho, bem com ameaças <strong>de</strong> retor<strong>no</strong> à instituição,concomitantes com situações <strong>de</strong> punição física. João refere que a mãe lhe bate com o cinto,manda-o sentar na cama e bate-lhe nas costas, com o cabo da vassoura e com o mata-moscas. Amãe diz que ele é verbalmente extremamente agressivo consigo, acha convictamente que ele émau, que tem <strong>de</strong> lhe fazer todas as vonta<strong>de</strong>s, caso o frustre torna-se agressivo, pelo que orelacionamento com a mãe se revela particularmente conflituoso. Verifica-se que a criança semantém em processo <strong>de</strong> negação “está tu<strong>do</strong> bem” face a esta situação.<strong>Na</strong> escola quan<strong>do</strong> confronta<strong>do</strong> acerca das motivações para os seus comportamentos,reage através <strong>de</strong> sintomas orgânicos preocupantes, tais como <strong>do</strong>res <strong>no</strong> coração, dificulda<strong>de</strong>ssignificativas em respirar, <strong>do</strong>res intensas <strong>no</strong> corpo, pedin<strong>do</strong> para ir para casa. Contu<strong>do</strong>, caso osprofessores não aceitem <strong>de</strong> imediato as suas queixas e falem com ele, João ace<strong>de</strong> em ficar na aulae trabalhar, sem mais queixas. No presente a<strong>no</strong> lectivo, a criança encontra-se ao abrigo <strong>do</strong>Decreto-Lei 3/2008 referente ao regime <strong>de</strong> Ensi<strong>no</strong> Especial.33

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