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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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imagem paterna quer à materna, ainda que mais frequentemente possibilitem a evocação <strong>de</strong> umimago pater<strong>no</strong>. No caso <strong>de</strong> Afonso, os atributos <strong>de</strong> força e po<strong>de</strong>r aparentemente relativos àimagem paterna são <strong>de</strong>svaloriza<strong>do</strong>s, inclusivamente escotomiza<strong>do</strong>s. Parece-<strong>no</strong>s que se verificaalguma nuance edipiana, pela anulação <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r à figura paterna, a qual <strong>de</strong>veria encontrar-serelacionada com uma imagem <strong>de</strong> potência fálica, retiran<strong>do</strong>-lhe a força e o <strong>do</strong>mínio, associada ài<strong>de</strong>ntificação a um personagem que serve como elemento <strong>de</strong> auxilio, inverten<strong>do</strong>-se os papéis<strong>do</strong>mina<strong>do</strong>r/<strong>do</strong>mina<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ainda indicar algum <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> aproximação ao masculi<strong>no</strong>pater<strong>no</strong>(“e foram os melhores amigos para sempre”), ambivalente com uma representação <strong>de</strong>me<strong>do</strong>. Relativamente aos processos i<strong>de</strong>ntificatórios, parece-<strong>no</strong>s que a criança estabelece umai<strong>de</strong>ntificação com o ratinho, o personagem que, em vez <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito como imaturo eimpotente, é investi<strong>do</strong>, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> algo omnipotente, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, através, <strong>de</strong>signadamente <strong>de</strong> ummecanismo <strong>de</strong> formação reactiva. Ainda assim, e neste senti<strong>do</strong>, verifica-se uma certa ambivalênciaentre coragem e me<strong>do</strong>/incapacida<strong>de</strong>, a qual po<strong>de</strong> remeter para o conflito crescimento/auto<strong>no</strong>miae <strong>de</strong>pendência. Refere-se, ainda, que as questões narcísicas i<strong>de</strong>ntitárias surgem, uma vez mais,<strong>de</strong>sta vez pela vergonha face à situação <strong>de</strong> ser humilha<strong>do</strong>, goza<strong>do</strong>, por outros animais.Procedimentos fundamentais:IF1 – introdução <strong>de</strong> personagens que não figuram na história;IF7 – fabulação longe <strong>do</strong> cartão;IF3 – importância dada às interacções, transparência das mensagens simbólicas;OC3 – elementos <strong>de</strong> formação reactiva (<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> auxilio);OC9 – perturbações da sintaxe;OC8 – escotomas.4.“Era uma vez uma família <strong>de</strong> cangurus…que a canguru levou os cangurus à escola e eles, e ofilho, a andar <strong>de</strong> bicicleta, tropeçou numa rampa, caiu e partiu uma perna. E a mãe levou ele aocolo e eles chegaram atrasa<strong>do</strong>s à escola, e quan<strong>do</strong> chegaram a escola ‘tava fechada, e era oprimeiro dia <strong>de</strong> aulas, vê só! Depois a mãe começou a refilar com ele: «Porque é que partiste aperna canguru?! E era o teu primeiro dia <strong>de</strong> aulas. Agora vais chegar atrasa<strong>do</strong> e a professora vai sezangar!». E <strong>no</strong> outro dia eles conseguiram chegar rápi<strong>do</strong> à escola e a mãe ficou muito feliz comele e ele e a mãe viveram felizes para sempre porque ele já sabia ler. Vitória, vitória, acabou-se ahistória! E o padre morreu e a igreja fechou.”138

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