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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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DiscussãoA presente investigação teve como objectivo analisar a dinâmica <strong>familiar</strong> <strong>de</strong> crianças comOrganização Bor<strong>de</strong>rline <strong>de</strong> Personalida<strong>de</strong>, tal como percebida pela criança, bem como as suasrepresentações parentais imagóicas, tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> pioneiro, não só por tal temáticanunca ter si<strong>do</strong> estudada com uma população infantil, particularmente <strong>no</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> latência,como pela abordagem meto<strong>do</strong>lógica utilizada, a qual aten<strong>de</strong>u, igualmente, à compreensão e àconfirmação da existência <strong>de</strong> características patog<strong>no</strong>mónicas e <strong>de</strong> factores etiopatogénicos teóricae empiricamente liga<strong>do</strong>s ao funcionamento limite na infância. Para tal recorreu à recolha e análise<strong>de</strong> da<strong>do</strong>s provenientes <strong>de</strong> diversas fontes, as quais, funcionan<strong>do</strong> numa lógica <strong>de</strong>complementarida<strong>de</strong>, procuraram alcançar um conhecimento profun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s casos analisa<strong>do</strong>s e, aum nível mais global, <strong>do</strong> funcionamento inter<strong>no</strong> das crianças com um funcionamento bor<strong>de</strong>rline.O número cada vez mais crescente <strong>de</strong> patologias emocionais da criança e a complexida<strong>de</strong>e severida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s quadros clínicos que se manifestam, colocam questões diagnósticas que <strong>de</strong>s<strong>de</strong>logo se impõem <strong>no</strong> caso concreto da psicopatologia da criança, dada a maleabilida<strong>de</strong> e aplasticida<strong>de</strong> <strong>do</strong> aparelho psíquico infantil, e a labilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s processos e mecanismos a querecorre <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> encontrar alguma organização e consistência internas, em meios não rarasvezes hostis, conflituosos e abandónicos, negligentes da necessida<strong>de</strong> idiossincrática da criança <strong>de</strong>uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, um espaço e um <strong>lugar</strong> para existir enquanto tal, negativos, portanto, não só a umnível representacional mas também real. Apesar <strong>de</strong> Bemporad e colabora<strong>do</strong>res (1982) (ver, porfavor, Anexo D) terem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> um conjunto <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> diagnóstico para a O.B.P. nainfância, actualmente não existe uma formulação internacional que seja consensual, já que areferência aos sistemas <strong>de</strong> classificação próprios da adultícia (DSM-IV-TR e ICD-10) não serevela a<strong>de</strong>quada às particularida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da criança e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente, nem tãopouco a aplicação <strong>de</strong>ste diagnóstico ao funcionamento mental infantil é ausente <strong>de</strong> controvérsia.Como para outras perturbações da personalida<strong>de</strong> na criança, revela-se difícil encontrar estu<strong>do</strong>sepi<strong>de</strong>miológicos sobre a patologia limite. No entanto, a prática clínica, a literatura e a investigaçãoempírica indicam que as crianças que correspon<strong>de</strong>m ao perfil da patologia limite reúnem umnúmero consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> aspectos comuns subjacentes ao seu funcionamento e à suaetiopatogenia.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s objectivos <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong>, o <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o funcionamentointer<strong>no</strong> das crianças com O.B.P. e confirmar a hipótese etiopatogénica <strong>de</strong> Keinänen ecolabora<strong>do</strong>res (2012), constatamos, <strong>no</strong>s casos analisa<strong>do</strong>s, a presença <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les, nãoobstante que com graus <strong>de</strong> severida<strong>de</strong> e intensida<strong>de</strong> diferentes em cada criança.45

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