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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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O <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> João nas provas grafo-expressivas revela uma significativa imaturida<strong>de</strong>gráfica, bem como dificulda<strong>de</strong>s na integração da <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> estrutura <strong>familiar</strong> e das diferençasgeracionais e uma significativa angústia <strong>de</strong> <strong>de</strong>samparo, evi<strong>de</strong>nte em representações <strong>de</strong> vazio e <strong>de</strong>fragilida<strong>de</strong>.Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às narrativas construídas <strong>no</strong> protocolo <strong>de</strong> C.A.T.-A <strong>de</strong> João verifica-se quepre<strong>do</strong>mina uma temática <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprotecção e <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>, concomitantes com umarepresentação da relação <strong>de</strong> objecto interna pouco securizante, protectora, contentora. Estãopatentes importantes lacunas precoces na construção da relação e da representação objectalcontentora, apazigua<strong>do</strong>ra e que fortaleça a estrutura egóica. De igual forma, encontra-se presenteum recorrente sentimento <strong>de</strong> ameaça - através da introdução <strong>de</strong> elementos exter<strong>no</strong>s querepresentam a fonte <strong>de</strong> perigo, o qual perante a <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> da estrutura, inva<strong>de</strong> e compromete oSelf (o bom objecto) - face à qual não dispõe <strong>de</strong> recursos inter<strong>no</strong>s para enfrentar. Ainda que aposição correspon<strong>de</strong>nte não seja elaborada, verificam-se importantes núcleos <strong>de</strong>pressivos, osquais remetem para uma falha primitiva da estrutura básica, sen<strong>do</strong> a temática da perda muitopresente. Neste senti<strong>do</strong>, a angústia <strong>do</strong>minante parece ser <strong>de</strong> <strong>de</strong>samparo e perda <strong>de</strong> objecto (a qualparece associada a falhas importantes ao nível da relação mais precoce). São evi<strong>de</strong>ntes núcleos <strong>de</strong>maior fragilida<strong>de</strong>, <strong>no</strong>s quais se verifica a necessida<strong>de</strong> da criança <strong>de</strong> apoio, <strong>de</strong> suporte, <strong>de</strong> umarelação securizante e contentora, e o seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser cuida<strong>do</strong> e protegi<strong>do</strong>. As representações <strong>de</strong>relações são na sua maioria duais, sem evocação e integração <strong>do</strong> conflito edipia<strong>no</strong>, sen<strong>do</strong> asrepresentações <strong>do</strong> imago pater<strong>no</strong> ausentes e <strong>do</strong> imago mater<strong>no</strong> significativamente reduzidas equan<strong>do</strong> apresentadas reduzidas a funções instrumentais, pela funcionalida<strong>de</strong> e pela ausência <strong>de</strong>afecto, surgin<strong>do</strong> nas histórias da prova temas relativos à oralida<strong>de</strong> e ao cuida<strong>do</strong> pela alimentação.Do ponto <strong>de</strong> vista simbólico as narrativas são construídas com algum grau <strong>de</strong> restrição e comrecurso ao conteú<strong>do</strong> manifesto <strong>do</strong>s cartões e portanto pouco elaboradas, o que, a par <strong>do</strong>smecanismos <strong>de</strong>fensivos empregues (projecção, omnipotência), parece remeter para a existência<strong>de</strong> algumas dificulda<strong>de</strong>s em mentalizar e representar simbolicamente as dinâmicas conflituaisintrapsíquicas.Os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s <strong>no</strong> Teste das Relações Familiares permitem concluir que afigura com a qual João reporta maior envolvimento refere-se à representação <strong>do</strong> imago mater<strong>no</strong>,sen<strong>do</strong> percebida como a maior fonte e o mais significativo objecto <strong>de</strong> amor, negan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> formapouco saudável, to<strong>do</strong>s os afectos negativos relativos a esta representação. No que concerne àsescalas relativas à representação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência intra<strong>familiar</strong>, verifica-se que João indica ser omaior alvo <strong>de</strong> sobreprotecção materna, sen<strong>do</strong> esta atribuição <strong>de</strong> sentimentos “auto-dirigi<strong>do</strong>s”revela<strong>do</strong>ra das importantes falhas ao nível da relação mais precoce. Relativamente aos34

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