Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...
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Mãe: “O que mais me fazia confusão era, como ele já era cresci<strong>do</strong>, mesmo aquelas fraldas parameni<strong>no</strong>s mais cresci<strong>do</strong>s, se fizer mais xixi, aquilo passa. Era constantemente. Entretanto eucomecei a dizer a ele «não po<strong>de</strong> ser». Mesmo a cortar a água ele fazia muito xixi, <strong>de</strong>pois a Dr.ªdisse também para não dar sopa ao jantar, porque é líqui<strong>do</strong>, comecei a tentar. De inver<strong>no</strong> era umhorror, mesmo com a fralda, era cama, era cobertores. Eu já andava <strong>de</strong>sesperada, comecei a fazertur<strong>no</strong>s. De três em três horas eu acordava-o para fazer xixi. Fiz aquilo duas semanas, <strong>de</strong>pois já‘tava, bem, <strong>de</strong>rreada. Comecei-lhe a dizer: «Tomás, tu tens que acordar para ir fazer se tensvonta<strong>de</strong>, tens que pensar, não tenho fralda e não posso fazer na cama».”Pai: “Depois ainda teve <strong>do</strong>is ou três dias sem fralda, mas <strong>de</strong>pois ainda voltou a fazer, ela voltou apôr fralda. Voltei a falar com ele outra vez, houve umas <strong>no</strong>ites que se aguentou, outras que não,houve uma <strong>no</strong>ite que puseste…”Mãe: “Mas ele já não sujou a fralda e eu fiquei toda contente.”Pai: “Eu dizia-lhe que não podia ser, acabou-se e acabou-se…”Mãe: “Porque eu já não podia…”Pai: “Fizeste na cama, vou-te dar um banho <strong>de</strong> água fria, e ainda lhe <strong>de</strong>i uma vez um banho <strong>de</strong>água fria.”Mãe: “Pois foi, para o castigar.”Pai: “E fez bem.”Mãe: “O mais engraça<strong>do</strong> é que às vezes sujava a cama e fazia a cama. Claro que a pessoa entra echeira, que era para não ralharmos com ele nem nada. Então ele dizia: «Mãe, hoje não precisas <strong>de</strong>fazer a cama que eu já a fiz.». Mal abria a cama via. «Oh Tomás, então?!», «Oh mãe, não sei comoé que eu fiz isso. Mas eu amanhã já não faço». Depois quan<strong>do</strong> eu lhe pus a fralda da última vez enão a sujou ficou to<strong>do</strong> contente. Veio-me mostrar: «Olha mãe, eu não fiz nada!», «Ena, assim éque é filho, ‘tás a ver?», fiz uma ganda festa.”Pai: “Hoje já não levas banho <strong>de</strong> água fria.” (ri-se)Mãe: “Depois quan<strong>do</strong> parou foi um alívio para to<strong>do</strong>s, já era um sacrifício mesmo. O A tambémfoi difícil para largar a fralda, mas não foi tanto.”Pai: “O A foi <strong>de</strong> um dia para o outro, falei com ele e nunca mais fez nada.”Mãe: “Fez-me logo ir comprar boxers e tu<strong>do</strong>. «Boxers à homem como os <strong>do</strong> meu pai.». Se nãofossem como os <strong>do</strong> pai já não vestia. Foi impecável. O Tomás, <strong>de</strong> facto, foi o mais trabalhosonesse aspecto, mas <strong>de</strong> resto, pronto, foi só a fala e as fraldas. O andar, com um a<strong>no</strong>, um a<strong>no</strong> emeio começou a andar, não houve problemas, tu<strong>do</strong> <strong>no</strong>rmal. A N com um a<strong>no</strong> já falava muitobem, bem pintava, o pai com a gravata e tu<strong>do</strong>, ninguém dizia que ela tinha um a<strong>no</strong>, já sabia ascores…”Pai: “Começou a contar com <strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s… Hoje, pinta a manta.”259