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Comunicação, políticas públicas e discursos em conflito

A coletânea Comunicação, Políticas Públicas e Discursos em Conflito apresenta um total de 14 capítulos (543 páginas), além do prefácio, em que são articuladas análises empíricas e perspectivas teóricas que aproximam o campo da comunicação e as políticas públicas brasileiras em diferentes áreas. A obra é resultado da produção do Grupo de Pesquisa Comunicação Pública e Comunicação Política (Compol), sediado na ECAUSP e registrado no CNPq, com foco nas investigações sobre o papel da comunicação para o reconhecimento das demandas sociais e a qualificação do debate público político. A obra abrange pesquisadores integrantes do Compol, além de autores convidados para abordar desafios do país nas áreas de saúde, educação, segurança pública, migração, ciência, transporte, moradia, inclusão de deficientes e políticas de gênero. A coletânea pretende oferecer propostas metodológicas e teóricas diversas para o enriquecimento das políticas públicas em discussão no Brasil.

A coletânea Comunicação, Políticas Públicas e Discursos em Conflito apresenta um total de 14 capítulos (543 páginas), além do prefácio, em que são articuladas análises empíricas e perspectivas teóricas que aproximam o campo da comunicação e as políticas públicas brasileiras em diferentes áreas. A obra é resultado da produção do Grupo de Pesquisa Comunicação Pública e Comunicação Política (Compol), sediado na ECAUSP e registrado no CNPq, com foco nas investigações sobre o papel da comunicação para o reconhecimento das demandas sociais e a qualificação do debate público político. A obra abrange pesquisadores integrantes do Compol, além de autores convidados para abordar desafios do país nas áreas de saúde, educação, segurança pública, migração, ciência, transporte, moradia, inclusão de deficientes e políticas de gênero. A coletânea pretende oferecer propostas metodológicas e teóricas diversas para o enriquecimento das políticas públicas em discussão no Brasil.

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Portanto, avaliamos como importante este posicionamento

teórico-político que coloque em evidência vozes outras por vezes

marginalizadas dentro de uma lógica acadêmica colonialista. O

que estamos classificando como ‘cruzada antigênero’ não é um

fenômeno isolado e particular do Brasil, mas uma cruzada que faz

parte de um processo maior do que nomearemos, em concordância

com bell hooks (2017), como ação neocolonial patriarcal capitalista

branca que já se articula há algum tempo por Nossa América.

Recentemente a Argentina protagonizou um intenso debate sobre

a legalização do aborto voluntário no país que mobilizou centenas

de milhares de mulheres às ruas, e assim mesmo houve discursos

inflados da oposição ao direito das mulheres de abortar: “Al otro

lado del valado predominan las familias arropadas por imágenes

religiosas, telas celestes y un feto gigante. ‘Dicen que no tiene vida,

dicen que no tiene voz, aquí estamos lo que luchamos por las dos

vidas’” (CENTENERA, 2018). Neste ponto, o debate sobre o dever

do Estado em garantir, por meio de políticas públicas, o direito ao

aborto já estava tomado por um discurso moralizante de gênero, e

‘desde allí, el colectivo ‘mujeres’ aparece en la agenda de políticas

públicas” (FORTUNA; MARTÍN; ANDRADE, 2013, p. 54).

É preciso um extenso trabalho, e ainda muito ficará de fora,

para demonstrar como se articulam, em suas individualidades e

em sua complexidade, as cruzadas – agora não mais no singular

– antigênero em Nossa América. Estes discursos aparecem mais

evidentes em processos de debates nas câmaras de Senado, de

deputados e até mesmo nas esferas mais altas da Justiça – como

no México, em que é possível ler notícias como “Ofensiva en México

para incluir aborto e ideología de género en la Constituición”

(ACTUALL, 2019).

216 COMUNICAÇÃO, POLÍTICAS PÚBLICAS E DISCURSOS EM CONFLITO

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