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Comunicação, políticas públicas e discursos em conflito

A coletânea Comunicação, Políticas Públicas e Discursos em Conflito apresenta um total de 14 capítulos (543 páginas), além do prefácio, em que são articuladas análises empíricas e perspectivas teóricas que aproximam o campo da comunicação e as políticas públicas brasileiras em diferentes áreas. A obra é resultado da produção do Grupo de Pesquisa Comunicação Pública e Comunicação Política (Compol), sediado na ECAUSP e registrado no CNPq, com foco nas investigações sobre o papel da comunicação para o reconhecimento das demandas sociais e a qualificação do debate público político. A obra abrange pesquisadores integrantes do Compol, além de autores convidados para abordar desafios do país nas áreas de saúde, educação, segurança pública, migração, ciência, transporte, moradia, inclusão de deficientes e políticas de gênero. A coletânea pretende oferecer propostas metodológicas e teóricas diversas para o enriquecimento das políticas públicas em discussão no Brasil.

A coletânea Comunicação, Políticas Públicas e Discursos em Conflito apresenta um total de 14 capítulos (543 páginas), além do prefácio, em que são articuladas análises empíricas e perspectivas teóricas que aproximam o campo da comunicação e as políticas públicas brasileiras em diferentes áreas. A obra é resultado da produção do Grupo de Pesquisa Comunicação Pública e Comunicação Política (Compol), sediado na ECAUSP e registrado no CNPq, com foco nas investigações sobre o papel da comunicação para o reconhecimento das demandas sociais e a qualificação do debate público político. A obra abrange pesquisadores integrantes do Compol, além de autores convidados para abordar desafios do país nas áreas de saúde, educação, segurança pública, migração, ciência, transporte, moradia, inclusão de deficientes e políticas de gênero. A coletânea pretende oferecer propostas metodológicas e teóricas diversas para o enriquecimento das políticas públicas em discussão no Brasil.

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COMUNICAÇÃO PÚBLICA E SEGURANÇA

MCs como “funk de contexto” ou “proibido com ideologia” (MI-

ZRAHI, 2014). Apesar disso, parte dessas vozes assume a nomeação

“proibido” ou “proibidão”, e posteriormente as nomeações

“funk de apologia”, “funk de facção” e “funk ousadia”, como é

possível observar em canais no YouTube nos quais essas músicas

circulam. Esse posicionamento da fala em negociação com a lei

ressalta o aspecto da oposição/transgressão, mas também enfatiza

a interação entre dispositivos sociais.

Vianna (1988) conta como o funk, ao sofrer a pressão da

criminalização, refugiou-se nas favelas e nos morros cariocas,

onde os funkeiros tiveram que pedir autorização a traficantes locais

para fazer seus bailes. O palco, lugar de destaque, era ocupado

muitas vezes por pessoas com prestígio na favela, entre elas

por aqueles que exaltavam o crime. O proibido fez parte do início

de carreira de alguns MCs que posteriormente seguiram caminho

através de outros subgêneros, como o melody, ou cantando músicas

com temas evangélicos.

Nas músicas analisadas anteriores à perseguição do funk

sob as leis de apologia do crime e de incitação ao crime (artigos

287 e 286, DL/2848-40) gerada pela Lei do Funk (RIO DE JANEIRO,

2000), a reivindicação da voz do crime e da voz do PCC é explícita

nas letras do “proibidão”. Posteriormente, essas vozes vão se

reposicionando até que, com a elevação do funk a patrimônio

cultural em 2009, passaram a reivindicar nas músicas, muitas vezes

logo no início, o lugar de fala do artista, de cronista da favela

e da realidade, indicando uma tentativa de aproximação mais

eficiente para lidar com o aparelho legal.

O proibido situa-se num espaço que não cabe no campo de

poder do discurso oficial instaurado nem no campo da reivindica-

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