A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos
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sa investigação, verificar “em que sentido [certas] opções éticas e doutrinais podem ser res-<br />
paldadas” ou rejeitadas. 269<br />
Para cumprir essa tríplice tarefa, a exegese atual segue os passos (onze, ao todo) pro-<br />
postos pelo método histórico-crítico 270 : Por meio da crítica textual procura, primeiro, cons-<br />
tatar as diferenças textuais entre os vários manuscritos, bem como avaliar qual das leituras<br />
tem maior probabilidade de representar o texto original do autor. Feito isso, procede-se a<br />
tradução da forma mais literal possível, com vistas a avaliar as traduções existentes. O ter-<br />
ceiro passo é o da análise literária que procura delimitar e estruturar o texto. Então, passa-<br />
se à análise da redação, que pretende identificar que interesses e intenções motivaram os<br />
autores a redigir seus textos. O quinto passo é a análise das formas, que pelas características<br />
formais de um texto determina o seu gênero literário, e também define o “lugar vivencial” e<br />
a intenção do texto. O sexto passo é o da análise da transmissão do texto que procura iden-<br />
tificar os eventuais estágios pelos quais um texto passou durante o processo de transmissão<br />
oral, até sua fixação final. O sétimo estágio é o da análise da historicidade que avalia se o<br />
conteúdo de um texto tem base histórica sólida. Outro passo é o da análise da história das<br />
tradições do texto pelo qual se procura identificar eventuais imagens, conceitos, idéias,<br />
símbolos, motivos ou representações tradicionais existentes no texto e aclarar sua origem e<br />
transformações.<br />
Para efeitos analíticos desta tese, os três últimos passos, embora previstos no método<br />
histórico-crítico adotado pela exegese contemporânea, se enquadram mais no processo her-<br />
menêutico-teológico (discutidos no item II.1.2, a seguir) — são eles: a análise de conteúdo,<br />
que é o nono passo, é uma tentativa de interpretação do conteúdo do texto; a análise teoló-<br />
gica, que é o décimo passo, que tenta determinar a teologia do texto; e a atualização, que é<br />
o último passo, que procura mostrar a relevância da mensagem do texto para a atualidade.<br />
Em suma, a exegese, teria como alvo o estudo dos textos bíblicos em si. Mediante um<br />
distanciamento consciente, o exegeta ocupa-se do contexto literário de uma determinada<br />
269 Cf. WEGNER, 2002, p. 13..<br />
270 Id., ibid., p. 323-355. Ver também: SCHNELLE, Udo. Introdução à exegese do Novo Testamento. Trad.<br />
Werner Fuchs. São Paulo: Loyola, 2004. 190 p. Biblica loyola. VOLKMANN, Martin; DOBBERAHN, Friedrich<br />
Erich; CESAR, Ely Eser Barreto. Método histórico-crítico. São Paulo: CEDI, 1992. 92 p. Leituras da<br />
Biblia, 4.<br />
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