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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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que a humanidade alcançará na eternidade” 527 . Mas para que as verdades parciais sejam res-<br />

peitadas, é necessário que haja democracia política.<br />

Por outro lado, “do ponto de vista da argumentação, os ‘fatos’, são certos tipos de da-<br />

dos baseados na realidade objetiva”, mas não se deve esquecer que “os fatos tornam-se fatos<br />

no processo da argumentação, quando são aceitos e tratados como tal” e que “um fato sem o<br />

respaldo do poder da razão não pode sobreviver por si próprio” 528 . A diferença entre fato e<br />

verdade, para Perelman, está em que “o termo ‘fatos’ geralmente é usado para designar ob-<br />

jetos de acordo preciso e limitado, enquanto o termo ‘verdade’ é geralmente empregado em<br />

sistemas mais complexos relacionados a conexões entre os fatos” 529 .<br />

Essa discussão conceitual sobre fatos e verdade, ajudam na compreensão do papel da<br />

retórica, e por extensão, no papel da homilética, como método contra o dogmatismo e “a<br />

favor do pluralismo, da democracia e da liberdade intelectual ilimitada” 530 . Nesse sentido,<br />

essa homilética deve se posicionar contra todos os tipos de conservadorismo antidemocráti-<br />

co e avesso à interação dialógica razoável.<br />

A tarefa persuasiva não consiste em empregar sempre argumentos vencedores nos<br />

embates lógico-ideológicos (ou teológicos), mas no exercício da arte da concessão. “Para a<br />

Nova Retórica, a concessão não é uma solução covarde e sem princípios”, ao contrário, “é a<br />

solução das incompatibilidades que exige maior esforço e que é mais difícil de justificar,<br />

pois requer uma reconstrução da realidade” 531 .<br />

Cabe à homilética aprender com a Nova Retórica a conceber discursos dialógicos,<br />

democraticamente construídos, baseados não na imposição, mas na troca (ou negociação) de<br />

idéias, que prevê, inclusive a concessão como parte necessária do processo. Se as “conces-<br />

sões conscientes e razoáveis ajudam a promover o desenvolvimento das instituições demo-<br />

cráticas” 532 , elas também poderão ajudar na formação de comunidades eclesiais pluralistas.<br />

527 Cf. MANELI, 2004, p. 52.<br />

528 Id., ibid., p. 54 e 55.<br />

529 Id., ibid., p. 56.<br />

530 Id., ibid., p. 59.<br />

531 Id., ibid., 2004, p. 61.<br />

532 Id., ibid., p. 62.<br />

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