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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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Segundo Niebhur e Williams, a função ministerial prioritária do clérigo reformado era<br />

“pregar”. Lutero pregava três vezes no domingo: pela manhã, às cinco ou seis horas, apre-<br />

sentava um sermão sobre a Epístola do dia; no culto principal, às oito ou nove horas, prega-<br />

va sobre o Evangelho do dia; e o sermão vespertino, no final do dia, se baseava na leitura do<br />

“Antigo Testamento”. Era prática comum pregar-se um livro da Bíblia todo, domingo após<br />

domingo. Segundas e terças-feiras pregava-se sobre uma parte do catecismo, do decálogo,<br />

do credo, da oração do senhor ou sobre os sacramentos. O sermão de quarta-feira centrava-<br />

se no evangelho de Mateus e nas quintas e sextas, expunham-se as epístolas. O evangelho<br />

de João oferecia a base para o sermão dos ofícios realizados aos sábados. 115<br />

No início do movimento reformado, muitos dos seus ministros eram oriundos do cato-<br />

licismo romano. Com freqüência, sua formação era lacônica e pobre em experiência homilé-<br />

tica. Os líderes da Reforma, não raro, tinham que fornecer livros e incentivar suas leituras<br />

por parte desses ministros. Alguns desses pregadores ignoravam completamente inclusive a<br />

Bíblia. Daí que muitos eram encorajados a utilizar sermões publicados por outros, preferen-<br />

cialmente memorizando-os, ou mesmo lendo-os em voz alta dos púlpitos de suas paró-<br />

quias. 116<br />

Além da ignorância do clero, os reformadores se viram às voltas com a ignorância do<br />

povo em geral. Para enfrentar esse desafio, foram tomadas providências para que o púlpito<br />

se convertesse em um meio de instrução. O ministro deveria “dirigir seus sermões a fim de<br />

estimular uma fé correta e com base em um conhecimento correto das doutrinas evangéli-<br />

cas”. 117 A ênfase da homilética reformada não era, portanto, convercionista, nem pretendia<br />

provocar emoções ou sentimentos, mas inspirava discursos cada vez mais catequéticos e<br />

doutrinários. Esta é a razão porque Niebhur e Williams afirmam que os pregadores eram<br />

prioritariamente mestres (ou professores) — naturalmente havia exceções, particularmente<br />

entre os anabatistas e os movimentos avivalistas.<br />

O tom da tarefa do ministro clérigo torna-se predominantemente didático, mesmo a<br />

administração dos sacramentos é acompanhada por algum tipo de instrução. Também os<br />

115 Cf. NIEBHUR, 1956, p. 133.<br />

116 Cf. Id., ibid., p. 133.<br />

117 Cf. Id., ibid., p. 134.<br />

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