A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos
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Na América Latina, particularmente no Brasil, a preocupação em relação à transfor-<br />
mação da sociedade a partir dos princípios do reino de Deus, motivou uma série de iniciati-<br />
vas tais como congressos, encontros, reflexões, prédicas e publicações que ao final se con-<br />
solidaram com a Teologia da Libertação. Nomes como o de Richard Shaull 174 (1919-2002) e<br />
Rubem Alves 175 , se destacam nas tentativas de aproximação dialógica entre cristianismo e<br />
marxismo.<br />
As convulsões sociais que a América Latina experimentou nesse período serviram de<br />
cenário para uma das mais importantes articulações teológicas de todos os tempos. No âm-<br />
bito da Igreja Católico-Romana, que experimentava uma abertura inusitada, possibilitada<br />
pelos novos “ares soprados” pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), Gustavo Gutiérrez pu-<br />
blica, em 1972, Teologia da Libertação 176 . Essa veio a se tornar a obra mais importante da<br />
teologia latino-americana do final do século XX. Nesse livro, partindo do Evangelho em<br />
diálogo com a história, a sociologia e a experiência de homens e mulheres comprometidos<br />
com o processo de libertação cristã na América Latina, Gutiérrez propõe uma ação radical<br />
para a igreja: colocar-se ao lado dos oprimidos e dos mais fracos. Essa convocação a uma<br />
“opção preferencial pelos pobres” desencadearia um compromisso libertador e num enga-<br />
jamento concreto das igrejas nas militâncias e movimentos populares por toda a América<br />
Latina. 177<br />
A Teologia da Libertação tornou popular o seu método teológico por intermédio das<br />
Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Esse método consiste em três passos, estrutural-<br />
174<br />
Com freqüência, durante esta pesquisa, o nome SHAULL foi encontrado com a grafia “Schaull” (é como<br />
aparece, por exemplo em MONDIN, Batista. Os teólogos da libertação. São Paulo: Paulinas, 1980. p. 37). A<br />
dúvida foi eliminada com um livro autografado pelo próprio SHAULL para o autor desta tese. No referido livro<br />
o autor revisita os princípios da reforma protestante e os relaciona com o desenvolvimento da teologia da<br />
libertação na América Latina: SHAULL, Richard. A reforma protestante e a teologia da libertação. São Paulo:<br />
Pendão Real, 1993. 149 p.<br />
175<br />
Rubem Alves, como teólogo brasileiro e discípulo de Shaull, publica sua tese de doutoramento em Princeton.<br />
Esta recebeu dos editores o título Teologia da esperança humana (1969), entretanto, o título original sugerido<br />
pelo autor teria sido Para uma Teologia da Libertação. Ver também ALVES, Rubem. Da esperança.<br />
Campinas: Papirus, 1987. 231 p.<br />
176<br />
No Brasil foi publicado em 1975. GUTIÉRREZ, Gustavo. Teologia da Libertação: perspectivas. Trad. Jorge<br />
Soares. Petrópolis: Vozes, 1975. 275 p.<br />
177<br />
Muitos outros autores contribuíram grandemente nesse processo, dentre eles merecem destaque os católicos<br />
Hugo Assmann, Juan Luis Segundo, Jon Sobrino, Leonardo e Clodovis Boff, e os protestantes Richard Shaull<br />
e Rubem Alves, como precursores, e também José Miguez Bonino, Julio de Santa Ana e Milton Schwantes.<br />
Sobre isso, ver MONDIN, Batista. Os teólogos da libertação. Trad. Hugo Toschi. São Paulo: Paulinas, 1980.<br />
182 p. Série Libertação e Teologia.<br />
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