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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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ecebidos. O Cristo da Bíblia é a Palavra, e esta Palavra é comunicada pela pregação e pela<br />

administração do batismo e da eucaristia. 111<br />

A principal crítica dos reformadores ao catolicismo romano é que este impedia que a<br />

Palavra de Deus fluísse livremente entre as pessoas. Antes, a hierarquia eclesiástica teria<br />

confinado a Bíblia, ao afirmar que o Papa era o seu único intérprete autorizado.<br />

Andreas Rudolf Karlstadt (1480-1541), e Ulrico Zwinglio (1484-1531) teriam sido “os<br />

primeiros a organizar uma ‘missa evangélica’, [e] a abolir as missas privadas e a proibir a<br />

adoração ao Santíssimo Sacramento” 112 .<br />

Assim, surge uma nova concepção do termo “ministro”, isto é, minister verbi divini<br />

(servo da Palavra de Deus). Para os reformadores, cada cristão é ou deveria ser um ministro<br />

da palavra, em virtude de sua fé — daí a doutrina do sacerdócio universal de todos os cren-<br />

tes. Os reformadores se referiam costumeiramente ao “ministro” ordenado como “pastor”,<br />

mas mais freqüentemente como “pregador” (Prediger ou Praedikant). O termo “pastor”<br />

passou a ser usado amplamente durante o século XVIII, sob a influência do Pietismo, prin-<br />

cipalmente no luteranismo. Os reformadores germânicos aderiram ao costume medieval de<br />

chamar o pregador de Pfarrer, isto é pároco (derivado de parochia). Entretanto, o povo em<br />

geral, se referia aos ministros como “pregadores”, embora também continuassem a usar o<br />

termo que costumavam usar sob o catolicismo, isto é, “padre” (priest). Por influência de<br />

Calvino, os ingleses passaram a distinguir o “ministro” protestante do “clérigo” anglica-<br />

no. 113<br />

Nas palavras de Michael Rose, houve uma “troca de meios” no ocaso da Idade Média,<br />

pois “enquanto que na Igreja medieval era o sacramento, a celebração simbólica, que era<br />

entendido como meio de apropriação da salvação”, com o movimento da Reforma e a con-<br />

tribuição do desenvolvimento da técnica da impressão, por Johann Gutenberg, a palavra<br />

falada da prédica evangélica, bem como a palavra escrita, como interpelação do indivíduo, é<br />

que é colocada no centro e assume essa função mediadora da salvação. 114<br />

111 Cf. In NIEBHUR, 1956, p. 110.<br />

112 Cf. Id., ibid., p. 114.<br />

113 Cf. Id., ibid., p. 110-116.<br />

114 Cf. ROSE, 1998, p. 149.<br />

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