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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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gemidos e suspiros. O corpo penetrou definitivamente o templo. Uma vez se-<br />

duzido o corpo, a alma e o espírito o seguem.<br />

À luz do exposto até aqui, pode-se afirmar conclusivamente que a homilética tradicio-<br />

nal mantém seu foco no significado, ao passo que a homilética espetacular focaliza-se, sim,<br />

sobre o significante ou sobre a forma da mensagem enunciada. Entretanto, nem a homilética<br />

convencional, nem a espetacular ajustam seu foco para centralizar os intersujeitos comuni-<br />

cantes, isto é, para os seres humanos que estão interagindo nesse processo comunicacional.<br />

Essa homilética centrada nos sujeitos comunicantes ainda precisa ser concebida. Para efei-<br />

tos de categorização, se poderia denominar de homilética da idade média aquela que centra-<br />

liza seu esforço no significado; de homilética da idade mídia, a que se concentra no signifi-<br />

cante; e de homilética da idade multimídia-e-interativa, aquela que coloca no centro os su-<br />

jeitos significadores em suas múltiplas e humanas possibilidades comunicacionais. Tal desa-<br />

fio permanece no horizonte como possibilidade para futuras investigações no campo da ho-<br />

milética.<br />

Como queria Reinaldo Brose 838 , talvez seja possível encontrar alternativas para a tele-<br />

homilética, mas essa só será legítima se conseguir resistir à força desumanizadora, robotiza-<br />

dora, coisificadora dos meios tecnológicos, principalmente os de comunicação de massa.<br />

Está sobre a mesa a questão da humanização da mídia. Seria possível um processo de rever-<br />

são humanizadora da tendência coisificadora atual?<br />

Será possível uma homilética mediada humanizada? Se de alguma forma isso for pos-<br />

sível, só se dará mediante a interação de todas as pessoas envolvidas como sujeitos ativos<br />

que podem opinar e interferir diretamente no curso do processo comunicativo (tal interação<br />

deve ser possível entre as pessoas e os meios, e entre as próprias pessoas) — não se trata<br />

mais de emissores e receptores de mensagens, mas de intersujeitos comunicantes.<br />

Será necessário, ainda, por parte das igrejas e dos homiletas, o enfrentamento crítico e<br />

lúcido das “megamudanças” 839 que ocorrem no campo teórico e tecnológico contemporâ-<br />

838 BROSE, 1980, 203 p.<br />

839 Sobre as grandes transformações pelas quais o mundo está passando, ver DERTOUZOS, Michael. O que<br />

será: como o novo mundo da informação transformará nossas vidas. São Paulo: Companhia das Letras,<br />

1997. 413 p. Compare-se com escritos de três décadas atrás: RAP, Hans Reinhard. Cibernética e teologia: o<br />

homem, Deus e o número. Petrópolis: Vozes, 1970. 241 p. Ver também NEGROPONTE, Nicholas. A vida

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