A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos
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Além disso, segundo Jardilino, o sermão “perdeu espaço por várias razões” entre elas<br />
o fato de agora ter que disputar com “muitos outros elementos (música, artes cênicas)” bem<br />
como o desencanto da “sociedade já considerada pós-moderna”, e da igreja nesse contexto,<br />
em relação a “um discurso extremamente racional” 186 .<br />
O problema é que a homilética participativa pretendida pelas CEBs não vingou nas i-<br />
grejas históricas e o vácuo homilético abriu a guarda para que outros movimentos com pre-<br />
tensões bem diferentes daquelas dos progressistas ocupassem esse espaço.<br />
Paralelamente e em oposição aos movimentos progressistas, o fundamentalismo pro-<br />
testante procurava lançar suas raízes. 187 Os fundamentalistas rejeitaram a secularização das<br />
teologias chamadas liberais e o caráter revolucionário das teologias de libertação. Ao con-<br />
trário, assumem e reforçam posturas conservadoras de reforço ao sistema capitalista e enga-<br />
jam-se com todas as suas forças contra tudo o que “cheire” a comunismo, marxismo e com-<br />
promisso social na esfera religiosa protestante. Essa opção hermenêutica marcará determi-<br />
nantemente as expressões homiléticas dos movimentos carismáticos e pentecostais em fran-<br />
ca expansão ao longo do século XX. Em toda a América Latina, e em particular no Brasil,<br />
tais movimentos estiveram, na maioria dos casos, aliados, quer pela omissão, quer pelo en-<br />
gajamento explícito, às ditaduras militares. 188<br />
A noção de que o envolvimento social é algo compatível com o cristianismo, entre os<br />
setores mais conservadores do protestantismo, só encontrou algum espaço novamente a par-<br />
tir do Congresso de Lausanne (1974), na Suíça, no qual os evangelicais tentaram retomar a<br />
questão. Só então, esse setor da igreja passa a empregar o conceito de “missão integral” que,<br />
na América Latina, é desenvolvido por teólogos como Samuel Escobar e René Padilla, Wal-<br />
dir Steuernagle, entre outros, ligados à Fraternidade Teológica Latino-Americana. 189<br />
186 JARDILINO, 1995, p. 7<br />
187 Sobre o fundamentalismo protestante, ver MENDONÇA, Antônio Gouvêa & VELASQUES FILHO, Prócoro.<br />
Introdução ao protestantismo no Brasil. São Paulo: Loyola; São Bernardo do Campo: Ciências da Religião.1990.<br />
279 p. Ver também ALVES, Rubem A. Protestantismo e repressão. São Paulo: Atica, 1979. 290 p.<br />
(Ensaios 55). Ver ainda ALVES, Rubem A. Dogmatismo e tolerância. Sâo Paulo: Ed. Paulinas, 1982. (Libertação<br />
e teologia). Ver mais GALINDO, Florencio. O fenômeno das seitas fundamentalistas. Trad. José Maria<br />
de Almeida. Petrópolis: Vozes, 1995. 533 p.<br />
188 Sobre isso, ver ARAÚJO, João Dias de. Inquisição sem fogueiras. Inquisiçcão sem fogueiras: Vinte Anos de<br />
História da Igreja Presbiteriana 1954-1974. Rio de Janeiro: Instituto Superior de Estudos da ..., 1985.<br />
189 Sobre o movimento evangelical em relação ao fundamentalismo, ver LONGUINI NETO, Luis. O novo rosto<br />
da missão: os movimentos ecumênico e evangelical no protestantismo latino-americano. Viçosa: Ultimato,<br />
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