18.02.2013 Views

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ceder a uma recapitulação” 414 . Reboul nota “que a peroração é o momento por excelência<br />

em que a afetividade se une à argumentação, o que constitui a alma da retórica” 415 .<br />

Barthes chama a atenção para o fato de que o início e o final do discurso, isto é, o e-<br />

xórdio e o epílogo, apelam para os sentimentos e seu propósito é comover a audiência pela<br />

sensibilização das suas paixões; ao passo que o corpo demonstrativo central, isto é, a narra-<br />

tio e a confirmatio, apela para a razão e seu propósito é persuadir por meio da apresentação<br />

de provas relacionadas a fatos. O mesmo se dá com o discurso homilético, a prédica. O dis-<br />

curso se conforma em uma estrutura em quiasmo, cuja moldura externa passional enquadra<br />

a construção interna demonstrativa.<br />

Veja-se o quadro elaborado por Barthes 416 para demonstrar a estrutura paradigmática<br />

das partes do discurso, quanto à sua dinâmica racional-passional:<br />

Demonstrativo<br />

1 2 3 4<br />

Exórdio Narratio Confirmatio Epílogo<br />

Passional<br />

Na homilética, as partes constitutivas da prédica são basicamente as mesmas, e em ge-<br />

ral são assim relacionadas nos manuais 417 : Introdução, que inclui o exórdio (que vincula a<br />

vida dos ouvintes ao tema da pregação), a narração ou explicação (que apresenta o cenário<br />

ou contexto da perícope) e a proposição (que é o enunciado da idéia central); o desenvolvi-<br />

mento, que inclui o corpo demonstrativo ou argumentativo com suas divisões e subdivisões;<br />

e a peroração, que geralmente apresenta um desafio pastoral. 418<br />

414<br />

O epílogo ou peroração é tratado no Livro III, cap. Xix de ARISTÓTELES. [s.d.], p. 220.<br />

415<br />

REBOUL, 2004,. p. 60.<br />

416<br />

BARTHES, 2001, p. 81.<br />

417<br />

Uma boa síntese pode ser encontrada em ANTUNES FILHO, Edemir. Por uma prédica com começo, meio e<br />

fim. 2002. 82 f. Monografia – Teologia, São Bernardo do Campo, 2002. Orientação de: <strong>Luiz</strong> <strong>Carlos</strong> <strong>Ramos</strong>.<br />

418<br />

Veja-se, por exemplo, as variações dessa estrutura básica aplicada a diferentes tipos de prédica, tais como os<br />

modelos analógico, etimológico, analítico, de investigação problemática, ilustrativo, e implicativo, propostos<br />

por COSTAS, 1978, p. 99-121.<br />

133

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!