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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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eroticidade banalizada, a partir da mesma perspectiva empobrecedora da indústria do entre-<br />

tenimento.<br />

Enquanto o tema do entretenimento relaciona-se com a experiência mística e extática<br />

de Deus, da primeira tríade e da homilética convencional; e a violência vincula-se ao tema<br />

da Pátria; o aspecto erótico da persuasão espetacular se relaciona em paralelo com o tema da<br />

família.<br />

Para finalizar estas considerações sobre a persuasão espetacular, há que se salientar<br />

que ambas as tríades fazem parte tanto do discurso religioso tradicional quanto do discurso<br />

dos meios de comunicação. Entretanto, até há pouco tempo, era possível afirmar que a reli-<br />

gião centrava seu discurso muito mais na primeira tríade (Deus, Pátria, Família), ao passo<br />

que a mídia, na segunda (Jogo, Violência, Sexo). Nota-se, não obstante, uma clara migração<br />

por parte da religião da primeira para a segunda tríade. Ou ainda, quando a religião midiáti-<br />

ca refere-se a Deus, à Pátria e à família, o faz na perspectiva espetacular, explorando seus<br />

aspectos lúdicos, violentos e eróticos. Esta parece ser a mais notória e significativa influên-<br />

cia que a era da informação vem exercendo sobre a prática religiosa contemporânea.<br />

III.2.3 Fins homiléticos espetaculares (modus vivendi)<br />

No item anterior (III.2.2), abordou-se a questão dos meios ou recursos que possibili-<br />

tam à homilética espetacular alcançar os seus objetivos e interesses. Na homilética conven-<br />

cional, os gêneros discursivos aristotélicos ainda vigoram (judiciário, epidíctico e delibera-<br />

tivo). No mundo do espetáculo, entretanto, os gêneros maiores são a tragédia e a comédia. 798<br />

Estes têm no discurso epidíctico o seu referencial, isto é, o discurso espetacular não preten-<br />

de informar, nem deliberar, mas elogiar ou censurar, em uma palavra, entreter. É natural,<br />

portanto, que o resultado homilético espetacular seja distinto e mais próximo da conceitua-<br />

ção teatral ou cinematográfica que retórica. Convém aqui questionar, portanto, que objeti-<br />

vos e interesses são esses.<br />

798 ARISTÓTELES, [s.d.], p. 39ss.<br />

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