18.02.2013 Views

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

como apelo aos fiéis para que se sacrifiquem pela pátria — em meio à crise da civil religion,<br />

ganha força o fundamentalismo com suas ênfases no literalismo bíblico, no salvacionismo<br />

individualista, na defesa dos valores tradicionalistas e na “livre iniciativa” e integrismo polí-<br />

tico. É nesse contexto que nascem as estrelas “supersalvadoras”, os “teleevangelistas”.<br />

A relação entre religião fundamentalista, mídia espetacular, economia capitalista e po-<br />

lítica de direita, fica evidente ao se analisar os ministérios dos primeiros superstars da igreja<br />

eletrônica. Eis uma síntese das considerações de Assmann sobre alguns dos pregadores ele-<br />

trônicos mais famosos 205 : Oral Roberts e sua ênfase no curandeirismo religioso e seu slogan<br />

era expect a miracle, “espere um milagre” — note-se que tal milagre vinha através da mídia,<br />

pois inventou o toque ou imposição de mãos pela TV; Rex Humbard, por sua vez, centrali-<br />

zou sua pregação no êxito financeiro; Jimmy Swaggart, com sua música doce e tocante en-<br />

tretinha os fiéis enquanto apoiava financeiramente os “contras” na Nicarágua; Jerry Fal-<br />

well, fundador da “Maioria Moral”, apoiou igualmente os “contras” e o Apartheid sul afri-<br />

cano, bem como a candidatura de Ronald Reagan, por meio de eloqüentes discursos em de-<br />

fesa da família burguesa e contra o aborto e a pornografia; Pat Robertson também se notabi-<br />

lizou por seu engajamento político de direita; Jim Bakker inaugurou o turismo da fé; Robert<br />

Schuller disseminou o “pensamento positivo patriótico”, tendo inclusive ganhado um prê-<br />

mio por seu sermão I am the american flag, “Eu sou a bandeira americana [leia-se: dos Es-<br />

tados Unidos]”; Paul Crouch, explorou o tema da segunda vinda de Cristo e conclamou sua<br />

audiência a preparar-se para o “apocalipse eletrônico”; Robert Tilton, como Schuller, prega<br />

o sucesso; e Bill Bright, elabora e prega as “quatro leis espirituais da liderança” inspirado<br />

pela Agência Central de Inteligência dos EUA, a CIA.<br />

Esses megassalvadores foram largamente imitados por outros que, conquanto não te-<br />

nham obtido tanta notoriedade, foram os responsáveis por mudar a face da igreja no final do<br />

século XX, inclusive no âmbito do catolicismo romano.<br />

Na América Latina, por tratar-se de um contexto bastante diferente do dos Estados<br />

Unidos, assim o constata Hugo Assmann, os destinatários da igreja eletrônica também são<br />

diferentes. Enquanto lá tais programas são voltados para a classe média, na América Latina,<br />

205 Para informações mais detalhadas sobre o assunto, ver ASSMANN, 1986, p. 15-76.<br />

82

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!