18.02.2013 Views

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

224<br />

os fundamentalistas, percebem o mundo como se houvesse uma guerra<br />

entre eles, os “partidários de Deus” e os infiéis, antes os comunistas,<br />

depois os materialistas e hoje, os maometanos. 761<br />

Ora, o fundamentalismo é constitutivo da homilética espetacular, logo a chance de que<br />

assuma um tom militarista é mais do que provável. 762 A palavra e, naturalmente, as imagens<br />

anexadas a elas se convertem em importantes armas de ataque e defesa. E a estratégia mili-<br />

tarista pressupõe conquista de território, daí a importância, apontada por Campos, de expan-<br />

dir as redes “de canais de televisão e emissoras de rádio” 763 . Para o telehomileta espetacular,<br />

é prioritário ocupar lugar “onde atores brandem impunemente seus canhões retóricos” 764 ,<br />

porque a “vitória” passa, necessariamente pela conquista do território da mídia.<br />

Por outro lado, a violência é constitutiva da personalidade humana, como notou Freud<br />

em seu O mal estar da civilização:<br />

O elemento de verdade por trás disso tudo, elemento que as pessoas estão<br />

tão dispostas a repudiar, é que os homens não são criaturas gentis<br />

que desejam ser amadas e que, no máximo, podem defender-se quando<br />

atacadas; pelo contrário, são criaturas entre cujos dotes instintivos devese<br />

levar em conta uma poderosa quota de agressividade. Em resultado<br />

disso, o seu próximo é, para eles, não apenas um ajudante potencial ou<br />

um objeto sexual, mas também alguém que os tenta a satisfazer sobre<br />

ele a sua agressividade, a explorar sua capacidade de trabalho sem compensação,<br />

utilizá-lo sexualmente sem o seu consentimento, apoderar-se<br />

de suas posses, humilhá-lo, causar-lhe sofrimento, torturá-lo e matálo.<br />

765<br />

A violência humana é um aprendizado, como afirmou Barbé. 766 Por isso. Por essa ra-<br />

zão busca-se sempre uma causa que justifique o uso da violência, suavizando ou racionali-<br />

zando os efeitos desse instinto, pois “espera-se impedir os excessos mais grosseiros da vio-<br />

lência brutal por si mesma, supondo-se o direito de usar a violência contra os crimino-<br />

761<br />

CAMPOS, 1997, p. 316.<br />

762<br />

Sobre o fundamentalismo e a violência, ver MENDONÇA, Antonio Gouvea de. O fundamentalismo protestante.<br />

Contexto Pastoral – Suplemento Debate. V. 5. n. 28, setembro/outubro, 1995.<br />

763<br />

CAMPOS, 1997, p. 316.<br />

764<br />

Id., ibid., p. 316.<br />

765<br />

FREUD, Sigmund. O mal estar da civilização. Revista Espaço Acadêmico, v. 3, n. 26, julho de 2003, mensal.<br />

Versão digital disponível em http://www.espacoacademico.com.br/. Consultado em julho de 2005.<br />

766<br />

Cf. BARBÉ, 1985, p. 56-63.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!