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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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os apelos de “renascimento” individual [...], forte doses de moralismo<br />

privatista e recheios de ameaças de perdição eterna [...], uso aleatório<br />

de versículos no clássico modelo fundamentalista, reafirmação constante<br />

da esfera do privado com não veladas alusões à iniciativa privada;<br />

nada que acentue o primado da justiça social. 220<br />

Iniciativas como essa eram raras. 221 Em 1973, Reinaldo Brose, escrevendo sobre Co-<br />

municação cristã, queixa-se da “negligência cristã em nosso século” quanto ao uso dos “no-<br />

vos meios”: “Qualquer observador, analisando objetivamente o papel dos cristãos nos meios<br />

de comunicação de massa, nota certamente o fato curioso de uma redução cada vez mais<br />

marcante na presença e atividade dos cristãos nesses meios” 222 . Leonildo Campos observa<br />

que a presença protestante na mídia televisiva, “ao longo dos primeiros 35 anos da história<br />

da televisão brasileira, foi apenas esporádica e sem criatividade” 223 .<br />

Em trinta anos esse quadro mudou radicalmente. E o “mérito” da conquista religiosa<br />

da mídia seria conferido aos pentecostais. No Brasil, como observou H. R. Souza, o culto na<br />

televisão foi dominado pelos pentecostais desde os anos 60 224 . A presença pentecostal na<br />

mídia cresceu muito, desde as primeiras transmissões, ainda nos anos 60, de programas pro-<br />

tagonizados por Manoel de Melo, fundador da Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil para<br />

Cristo.<br />

Mas a verdadeira revolução no campo da religião e da mídia deve ser atribuída aos<br />

neopentecostais. A igreja eletrônica saiu do ar mas deu lugar a e inspirou uma outra experi-<br />

ência midiático-religiosa que será aqui denominada igreja espetacular. Para Ana Paula Ra-<br />

mos,<br />

mesmo que a igreja eletrônica da década de 60 e 70 tenha desaparecido,<br />

ela foi a grande propulsora dos programas evangélicos que invadem a<br />

TV atualmente. O televangelismo deste pastores foi também precursor<br />

220<br />

Cf. ASSMANN, 1986, p. 84-87.<br />

221<br />

Para maiores informações sobre a inserção do protestantismo na mídia, ver os autores já citados: Assmann,<br />

Campos e Souza.<br />

222<br />

BROSE, Reinaldo. Comunicação cristã: o Evangelho e os meios de comunicação social São Paulo: Imprensa<br />

Metodista, 1973. p. 28 (71).<br />

223<br />

CAMPOS, 1997, p. 284.<br />

224<br />

SOUZA, 2005, f. 62.<br />

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