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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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Deus Jogo<br />

Pátria Violência<br />

Família Sexo<br />

Os argumentos que envolvem esses aspectos são considerados, de modo geral, os mais<br />

persuasivos, os mais convincentes. É digno de nota, entretanto, o fato de que a primeira trí-<br />

ade, em termos psicanalíticos, tem caráter mais repressor. Isto é, os argumentos que utilizam<br />

idéias tais como “Deus não gosta”, “honra a terra que te deu à luz” e “vou contar pro teu<br />

pai”, soam como manifestação do superego 726 , refreando os ímpetos do interlocutor. 727 Por<br />

outro lado, os da segunda tríade são instigadores, positivos, como o id 728 que impulsiona o<br />

indivíduo a aderir a uma idéia ou prática. A sedução do jogo/entretenimento é vigorosa e,<br />

considerado o princípio do prazer, o indivíduo empenha-se na busca pelo bem estar, quer<br />

seja do corpo, quer seja do espírito. Por outro lado, Freud considerava como parte integrante<br />

da dinâmica do princípio do prazer, o seu oposto, a fuga da dor. 729 Nesse sentido, no pro-<br />

cesso de sedução, não está em jogo somente o interesse pelo agradável, mas também a evi-<br />

tação do desagradável. Esse princípio está na essência da sociedade do espetáculo. Como<br />

escreve Cid Pacheco,<br />

215<br />

a Propaganda [como elemento indispensável da indústria da mídia] destina-se<br />

primordialmente a atender as aspirações de prazer das pessoas.<br />

Nesse sentido, ela é essencialmente estruturada sobre uma ‘promessa de<br />

benefícios’ necessariamente prazerosa. Não se trata, aqui, de uma posi-<br />

726<br />

Ver FREUD, Anna. O ego e os mecanismos de defesa. 3 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974. 149<br />

p. (Coleção Corpo e espírito ; 6).<br />

727<br />

Um exemplo clássico desse tipo de argumentação pode ser encontrado em Cícero, Marco Túlio. Da República.<br />

Trad. Amador Cisneiros. São Paulo: Escala. S.d. 96 p. Col mestres pensadores. Tal obra é dividida em<br />

seis livros: o primeiro pricipia tratando do amor pátrio; o segundo, bem como o o quarto, tratam do legado<br />

das gerações precedentes, e da educação das crianças; e o terceiro, parte das “coisas recebidas dos deuses...”<br />

(p. 63) e o sexto, das virtudes divinas. Nota-se, claramente a presença dos argumentos alusivos à pátria, à família<br />

e à divindade.<br />

728<br />

Ver FREUD, Sigmund. O ego e o Id. Ver também JUNG, Carl Gustav. O eu e o inconsciente. 18 ed. Petrópolis:<br />

Vozes, 2004. 166 p. (Obras completas de C.G Jung, 7).<br />

729<br />

Cf. FREUD, Sigmund. Além do Princípio do Prazer (1920).

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