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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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que se quer dar a entender; uso de palavra ou frase de sentido diverso ou oposto ao que de-<br />

veria ser empregado, para definir ou denominar algo. Era o procedimento característico de<br />

Sócrates que demonstrava fingidamente disposição de aprender com outrem para, interro-<br />

gando-o habilmente, fazê-lo entrar em contradição e deixar bem evidente o caráter errôneo<br />

de suas concepções, do que resulta o reconhecimento por aquele interlocutor da autêntica<br />

ignorância do interrogado. A ironia ressalta do contexto de tal maneira que é mais apropria-<br />

da ao discurso oral que ao escrito.<br />

Se os ornamentos e as cores são antes, desvios da linguagem, era de se esperar que as<br />

pessoas preferissem a linguagem direta, objetiva e nua. Entretanto, é curioso notar que a<br />

persuasão se dê antes pelo desvio do que pelo caminho direto. Em grande parte isso se dá<br />

porque, “os ornamentos ficam do lado da paixão”, portanto, mexem com o corpo e “tornam<br />

a palavra desejável” 433 , como observou Barthes. É essa “indumentária” viva e colorida que<br />

seduz o interlocutor e faz com que tantos se quedem com freqüência, e por tanto tempo,<br />

diante de um orador, ouvindo seus discursos.<br />

Outros aspectos da elocutio serão analisados no item II.2.3, que trata da sedução do<br />

relato. Ali se pretende demonstrar como, durante o processo da alocução, se dá a magia do<br />

reencantamento das palavras e do mundo.<br />

II.2.1.4 Actio (lat.) ou Hypocrisis (gr.)<br />

137<br />

Na era da mídia, não há escapatória dos simulacros.<br />

(Roger Silverstone)<br />

A respeito da Actio ou Hypocrisis, isto é da performance, do orador, quando do pro-<br />

nunciamento do seu discurso, Aristóteles, chama a atenção para várias questões. Primeiro, o<br />

uso adequado da voz, pois é por meio dela que o orador deverá expressar as várias emoções.<br />

São três os elementos que, conjugados, expressam as emoções pela voz: o volume, a modu-<br />

lação e o ritmo. Aristóteles está convencido de que dependendo da maneira como algo é dito<br />

isso afetará distintamente a inteligibilidade do interlocutor. Entretanto, essa performance<br />

433 BARTHES, 2001, p. 90.

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