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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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uma realidade complexa em algo simplista. 706 Isso não significa que na comunicação espe-<br />

tacular deve haver somente redundância, pois, para evitar a perda ou o fechamento do canal<br />

de comunicação com uma platéia diversificada e dispersa, a mensagem deve conter o míni-<br />

mo de entropia, um mínimo de novidade. Mas no caso da comunicação de massa, é sempre<br />

uma novidade superficial.<br />

Questões como as da redundância e da entropia referem-se mais ao tratamento formal<br />

dada a uma determinada mensagem, independentemente do seu tema ou do seu conteúdo. A<br />

respeito destes últimos se tratará a seguir.<br />

III.2.2.3 O apelo persuasivo na idade mídia: jogo, violência e sexo<br />

Na homilética convencional, é freqüente a alusão aos temas teológicos (fala sobre<br />

Deus), aos temas existenciais (fala sobre o indivíduo e sua família), e aos temas sociais (a<br />

comunidade e a Pátria). Por outro lado, os temas preferidos do universo espetacular são o<br />

jogo (o entretenimento e todas as demais expressões lúdicas), a violência (todo tipo de con-<br />

flito e disputa), e o sexo (do erotismo à pornografia). Quando imersa nesse contexto, a ho-<br />

milética midiática redireciona seu discurso e, consciente ou inconscientemente, migra para a<br />

tríade persuasiva espetacular: jogo, violência e sexo. 707<br />

Deus—Pátria—Família/Jogo—Violência—Sexo: não se trata de temas exclusivos, ou<br />

da religião ou do espetáculo, pois sempre será possível identificar todos esses elementos<br />

tanto numa como no outro. Trata-se, antes, de predominância de uns sobre os outros nos<br />

respectivos contextos.<br />

Vale lembrar que a religião é anterior à mídia tecnológica contemporânea, e é evidente<br />

que esta encontrou inspiração na prática religiosa — que sempre teve sua face espetacular,<br />

embora não exatamente como agora. Os paralelos entre a religião e o espetáculo são inúme-<br />

ros, note-se algumas aproximações a título de exemplo: templo e casa de espetáculo; prega-<br />

dor e apresentador; congregação e auditório; ritos e coreografias; arquitetura sacra e ceno-<br />

706<br />

Para ampliar esse conceito de estereótipos, ver a abordagem sobre “estereótipos e sedução” em FERRÉS,<br />

1998, p. 135-156.<br />

707<br />

Sobre as tríades persuasivas, ver CARVALHO, 1993, p. 95-96.<br />

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