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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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mente simples, mas profundamente complexos: ver—julgar—agir. 178 A aparente simplici-<br />

dade em tentar confrontar evangelho e vida, esbarra na complexidade da mediação sócio-<br />

analítica, hermenêutica e prática. Por essa razão se torna necessária a cooperação entre os<br />

setores profissionais, pastorais e populares.<br />

As CEBs desenvolveram uma prática de partilha dialogada da vida e da fé, à luz do<br />

texto bíblico. Sobre isso escreve Marcelo Guimarães: “Nas CEBs, a homilia ganha o nome<br />

de ‘partilha da Palavra’ e assume um estilo mais dialogal e familiar, com espaço para todos<br />

participarem”, e, nessa interatividade, “a Palavra é relacionada com a prática” 179 .<br />

Essa nova homilética mostrou-se revolucionária em vários sentidos: primeiro, porque<br />

deslocou o centro de atenção do pregador para o povo; segundo, porque considera a situação<br />

vivencial como o ponto de partida para leitura que se faz das Escrituras; terceiro, porque a<br />

opinião do povo é tão importante quanto ou mais que a do especialista; quarto, porque a<br />

leitura que é feita é discutida dialogicamente em perspectiva crítica; e, quinto, porque esse<br />

diálogo sobre a vida e a fé resulta em compromissos concretos com vistas à transformação<br />

da realidade.<br />

Surge, assim, uma “nova maneira de ser igreja” 180 , que pressupunha uma nova manei-<br />

ra de ler a Bíblia, comunitariamente, a partir da ótica dos despossuídos e, portanto, numa<br />

nova maneira de interpretá-la e de explicá-la. Nesse processo, destaca-se o papel do Centro<br />

de Estudos Bíblicos (Cebi) 181 , fundado em 1979, que publicou inúmeras cartilhas populares<br />

para auxiliar nessa nova proposta de leitura bíblica.<br />

Nesse contexto, outra ferramenta homilética importante para o profissional da prega-<br />

ção, principalmente entre os protestantes, foi a publicação, no Brasil, da série Proclamar<br />

libertação 182 , editado por pastores e teólogos luteranos (nas edições posteriores, a publica-<br />

ção passou a contar com a contribuição de pessoas de outras confissões). A pretensão dessa<br />

178<br />

Ver BOFF, Leonardo & BOFF, Clodovis. Como fazer teologia da libertação. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1986.<br />

141 p.<br />

179<br />

GUIMARÃES, Marcelo. Quando a homilia vira sermão: pregação e liturgia na Igreja Católica. Contexto<br />

Pastoral. V. V, maio-junho, 1995, n. 26. Campinas: Cebep; Rio de Janeiro: Cedi. p. 6.<br />

180<br />

Ver BOFF, Leonardo. E a igreja se fez povo — eclesiogênese: a igreja que nasce da fé do povo. São Paulo:<br />

Círculo do Livro, s.d. 226 p.<br />

181<br />

Para mais informações, sugere-se uma visita à home page do Centro de Estudos Bíblicos (Cebi) em<br />

http://ospiti.peacelink.it/zumbi/memoria/cebi/home.html.<br />

182<br />

Desde 1975 foram publicadas edições anuais, sob a responsabilidade de diferentes coordenadores: PRO-<br />

CLAMAR LIBERTAÇÃO: auxílios homiléticos. São Leopoldo: Sinodal. 1975—.<br />

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