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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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Os versículos 5 e 6 deixam claro que não se trata meramente de um evento didático,<br />

mas também litúrgico. O uso de “fórmulas litúrgicas com responsos dos participantes, bên-<br />

çãos, orações (erguendo as mãos ao céu), adoração (em posição prostrada), leitura e expli-<br />

cação da lei de Deus” 34 , viria a se consolidar na liturgia da celebração sinagogal:<br />

5<br />

Esdras abriu o livro à vista de todo o povo, porque estava acima dele;<br />

abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.<br />

6 Esdras bendisse ao SENHOR, o grande Deus; e todo o povo respondeu:<br />

Amém! Amém! E, levantando as mãos; inclinaram-se e adoraram o<br />

SENHOR, com o rosto em terra.<br />

Nos versos 7, 8 e 9, se verifica que não se tratava de leitura pura e simples, mas que<br />

esta era complementada com “explicações”, ou melhor, com interpretações dadas pelo sa-<br />

cerdote bem como pelos levitas. As explicações feitas para o povo “de maneira que enten-<br />

dessem o que se lia” é a gênese da prática homilética sinagogal e nas comunidades cristãs<br />

dos primeiros séculos:<br />

7 E Jesua, Bani, Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaséias,<br />

Quelita, Azarias, Jozabade, Hanã, Pelaías e os levitas ensinavam o povo<br />

na Lei; e o povo estava no seu lugar.<br />

8<br />

Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de<br />

maneira que entendessem o que se lia.<br />

A esperança diante de um novo projeto era um dos fins da recuperação da Torah:<br />

9 Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas<br />

que ensinavam todo o povo lhe disseram: Este dia é consagrado ao<br />

SENHOR, vosso Deus, pelo que não pranteeis, nem choreis. Porque todo<br />

o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei.<br />

Essa combinação leitura–explicação foi capaz de levar o povo a uma comoção geral, o<br />

que pode ser indício de uma práxis discursiva não puramente racional, como a princípio o<br />

texto faz supor — pois no mundo antigo não existia discurso puramente racional, nem<br />

mesmo entre os filósofos gregos, pelo menos não com o mesmo entendimento de razão que<br />

se tem hoje —, mas sugere uma comunicação com fortes cores emocionais. Além do que, o<br />

34<br />

Cf. nota m. da Bíblia Tradução Ecumênica. BÍBLIA. Português. Bíblia Tradução Ecumênica. São Paulo:<br />

Edições Loyola, 1994. p. 1429.<br />

30

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