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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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Intolerância implica em desprezo pela opinião do outro, o que parece não ser o caso da<br />

religião da mídia e, por conseguinte, da telehomilética. Se a igreja, até recentemente, per-<br />

manecia impassível e resistente à opinião pública, vê-se, agora, determinantemente atrelada<br />

a ela. Os programas religiosos mediados vão, por isso mesmo, reformulando-se para ajustar-<br />

se e sintonizar-se o melhor possível às preferências dos espectadores. O processo é inevitá-<br />

vel, uma vez que, caso o programa religioso não agrade e venha a perder sua audiência, não<br />

há como mantê-lo no ar. Daí que uma telehomilética contrária à opinião pública não se sus-<br />

tenta na sociedade espetacular.<br />

O resultado é a troca dos princípios hermenêuticos, que orientariam a atualização e a<br />

presença da mensagem evangélica no presente, pela pesquisa de opinião 642 , cujo resultado<br />

interessa à técnica de propaganda ou à de venda de bens de consumo 643 .<br />

Sobre os fatores que levam as pessoas a preferirem alguns programas em relação a ou-<br />

tros, muito se tem estudado, e algumas pesquisas surpreendem. Conforme estudo realizado<br />

por Raquel Marques Carrico Ferreira, são 13 os principais motivos que ativam o comporta-<br />

mento de exposição seletiva aos conteúdos televisivos: (1) o interesse pela “ativação” ou<br />

desejo de estimular o estado mental/emocional, para vencer a apatia; (2) a busca por “in-<br />

formação/vigilância/orientação”, para manter o telespectador a par do que acontece no<br />

mundo; (3) o desejo de “comparação/autoconhecimento”, que possibilita ao telespectador<br />

comparar o que vê na tela como o que tem na vida real; (4) a tentativa de “projeção”, pela<br />

qual o telespectador procura transportar-se para outra realidade que não a sua própria; (5) a<br />

necessidade de “companhia” que faz com que a televisão atraia pessoas mais solitárias; (6)<br />

a busca pelo “relaxamento” que, ao contrário dos que buscam a “ativação”, produz no teles-<br />

pectador a desestimulação do estado emocional/mental, voltando-se para o descanso e a<br />

redução da tensão; (7) o interesse pela “aprendizagem de informações úteis”, que faz com<br />

que os programas televisivos adquiram um fundamento instrumental para se obter informa-<br />

ção útil, em benefício particular; (8) o “escapismo”, que utiliza a televisão como ocasião de<br />

642 O IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística) assim define sua prática: “A pesquisa de opinião<br />

pública realizada pelo IBOPE é uma ferramenta eficaz para detectar com precisão posições e tendências dos<br />

diversos segmentos sociais. Baseada em dados científicos, a pesquisa de opinião é um excelente instrumento<br />

para identificar problemas e buscar soluções.” In<br />

http://www.ibope.com.br/calandraWeb/BDarquivos/sobre_pesquisas/pesquisa_opiniao.html. Consulta em em<br />

13.06.2005.<br />

643 Cf. HOUAIS, 2001.<br />

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