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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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(no sentido do termo grego charis, que pode significar “dom”, “graça”, “dádiva”, “gratuida-<br />

de”, que sugere ter sido Jesus gracioso, charmoso — a palavra “charme”, em português tem<br />

essa raiz grega) 60 , piedade e solidariedade, simplicidade e prudência, justiça e humildade,<br />

firmeza e tolerância...<br />

Segundo Pattison 61 , há, aparentemente, três períodos na pregação de Jesus: O primeiro<br />

representado por seu Sermão do Monte, no qual se percebem pensamentos simples, e abun-<br />

dantes ilustrações tiradas da natureza. O segundo período é marcado por um “fluir mais pro-<br />

fundo da verdade”, pela pregação a respeito das coisas que estão para acontecer e pelo ensi-<br />

no sobre matérias tais como: a oração, a vida e a relativização dos mandamentos. O terceiro<br />

período é aquele que “nos traz para mais perto do seu coração” e apresenta seus discursos<br />

finais, fortemente doutrinários. 62 Se essa evolução na práxis homilética de Jesus for digna<br />

de consideração, pode-se afirmar que o exercício homilético é sempre resultado de um pro-<br />

cesso de interação com as gentes, e com o tempo e o espaço em uma determinada cultura. A<br />

competência homilética seria, então, fruto de amadurecimento, experiência e transpiração.<br />

Ao mesmo tempo que seu discurso fascina pelo estilo retórico, este é reforçado pelo<br />

estilo de vida do pregador, conforme se nota em relatos como o de Mateus 7.29: “porque ele<br />

as [às multidões] ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas”. A novidade<br />

da homilética de Jesus está, portanto, na sua práxis, isto é, na maneira como ele combina<br />

palavra e ação: é, portanto, uma homilética da vivência e da convivência.<br />

A tarefa homilética de Jesus teve continuidade depois de sua morte por intermédio dos<br />

seus seguidores. Os discípulos, como eram chamados, não reproduziam simplesmente a prá-<br />

tica de Jesus, mas a reformularam de acordo com suas necessidades e suas personalidades.<br />

Dentre aqueles que deram continuidade à pregação dos ensinamentos de Jesus, destacam-se<br />

Pedro e Paulo, cuja pregação será tratada a seguir.<br />

60 Cf. GARVIE, 1959, p. 31-33.<br />

61 Cf. PATTISON, 1903, p. 26.<br />

62 Cf. Id., ibid. p. 26.<br />

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