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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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fato se apresentavam nas suas várias manifestações e como são compostas as estruturas dis-<br />

cursivas. Igualmente, aqui, não se está a dizer como deveria ou como não deveria ser a prá-<br />

tica homilética, muito menos como deveria ser a estrutura midiática, trata-se antes de uma<br />

descrição dos seus processos e de como essas estruturas se revelam.<br />

Em sua análise, Aristóteles percebeu, portanto, que os argumentos retóricos são de<br />

dois tipos: os lógicos (que visam a demonstrar) e os psicológicos (que visam a convencer).<br />

Os argumentos psicológicos, que visam a comover e a emocionar — chamados argumentos<br />

sensibilizadores — podem, por sua vez, ser classificados em argumentos éticos e argumen-<br />

tos patéticos.<br />

Por um lado, os argumentos éticos estão centrados na figura do emissor e podem ser<br />

agrupados em três grandes classes de conteúdos: bom senso; bom caráter; boas intenções —<br />

e visam a estabelecer uma vinculação afetiva entre o orador e o receptor. Convém relembrar<br />

aqui que, na concepção aristotélica, o caráter do orador é um dos elementos que compõe o<br />

tripé da persuasão (ao lado da qualidade das provas e da vinculação afetiva). Isso levanta a<br />

preocupação do uso ético dos recursos retóricos e, por conseguinte, dos recursos midiáti-<br />

cos. 723 As possibilidades de “manipulação” das imagens (verbais ou não) são reais. Pois, “a<br />

técnica da televisão presta-se a mil maravilhas para disfarçar a realidade ou dramatizá-la. O<br />

mínimo movimento da câmera pode mudar substancialmente a mensagem de uma ima-<br />

gem” 724 .<br />

Por outro lado, os argumentos patéticos consistem em apelos emocionais visando a a-<br />

tingir o receptor em seus sentimentos, princípios e crenças. Estes argumentos podem ser<br />

agrupados em duas grandes tríades persuasivas 725 :<br />

723<br />

Para uma discussão aprofundada sobre a ética na mídia, ver BLÁAZQUEZ, Niceto. Ética e meios de comunicação.<br />

São Paulo: Paulinas, 1999. 720 p. Col. Comunicação e estudos.<br />

Ver também BUCCI, Eugênio. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das letras, 2000. 245 p.<br />

Para uma abordagem de diferentes noções de ética, ver NOVAES, Adauto (org.). Ética. São Paulo: Companhia<br />

das Letras & Secretaria Municipal de Cultura, 1992. 395 p.<br />

724<br />

BLÁAZQUEZ, Niceto. 1999, p. 502.<br />

725<br />

Cf. CARVALHO, 1993, p. 95-96.<br />

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