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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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lhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os<br />

escribas” (Mt 7.28-29, grifos nossos).<br />

Uma relevante pesquisa sobre esse tema foi feita por Maurice Sachot, em seu texto A<br />

invenção do Cristo: gênese de uma Religião, cujo primeiro capítulo considera o cristianis-<br />

mo fundante como uma homilia do judaísmo 54 . É interessante lembrar que, segundo alguns<br />

autores, as memórias mais antigas acerca do ministério de Jesus enfatizavam mais os seus<br />

“ditos” do que os seus “atos”. 55<br />

Conforme relato da comunidade lucana, o próprio Jesus teria afirmado que sua missão<br />

consistia numa tarefa homilética: “evangelizar os pobres, proclamar libertação aos cativos e<br />

restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano acei-<br />

tável do Senhor.” (Lc 4.18-19, grifos nossos). Segundo o evangelho de Marcos o ministério<br />

de Cristo toma impulso quando Jesus diz aos discípulos: “Vamos a outros lugares, às povo-<br />

ações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim. Então, foi<br />

por toda a Galiléia pregando nas sinagogas deles e expelindo os demônios” (Mc 1.38-39,<br />

grifos nossos). Em síntese, Jesus era um pregador itinerante.<br />

Pelos registros evangélicos, nota-se que Jesus pregava com simplicidade sobre uma<br />

grande variedade de temas e que conquistava a simpatia dos seus interlocutores. Nas pági-<br />

nas dos evangelhos, Jesus é sempre encontrado pregando: quer sejam pregações formais nas<br />

sinagogas; pregações ocasionais nas praias, pelos caminhos, sobre as montanhas e vales; ou<br />

pregações individualizadas dirigidas a pessoas com quem se encontrava nas casas, nas pra-<br />

ças, alhures e algures. 56<br />

Dizer que sua pregação era simples não significa subestimar toda a complexidade de<br />

seus recursos comunicacionais. Nesse sentido, note-se o uso que, segundo seus historiógra-<br />

fos, Jesus fazia da linguagem imagética, do raciocínio analógico, das figuras de linguagem,<br />

particularmente as metáforas, da cenografia, das possibilidades acústicas, da linguagem cor-<br />

poral, etc. Suas parábolas são peças discursivas fascinantes e extremamente ricas do ponto<br />

54<br />

Ver SACHOT, Maurice. A invenção do Cristo: gênese de uma religião. Trad. Odila Aparecida de Queiroz.<br />

São Paulo: Loyola. 1998. 194 p. Bíblica Loyola 40.<br />

55<br />

Cf. MACK, Button L. O evangelho perdido: o livro fé Q e as origens cristãs. Rio de Janeiro: Imago, 1994. p.<br />

73ss.<br />

56<br />

Cf. KERR, 1938, p. 34-38.<br />

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