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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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comenta sua obra de 1967. 539 Nesses trabalhos posteriores, ao constatar que suas teses ainda<br />

estavam vigentes e que não tinham sido desmentidas, afirma que isso se deve ao fato de ele<br />

ter compreendido os fatores constitutivos do espetáculo — compreensão essa que se con-<br />

firma, na sua opinião, pelo recrudescimento, nos anos que se seguiram a 1967, da “tirania”<br />

das imagens; da submissão alienante ao “império” da mídia; e do poder dos profissionais do<br />

espetáculo.<br />

Debord cunhou a expressão sociedade do espetáculo, para designar e caracterizar o ti-<br />

po de cultura da mídia que estava sendo implementada desde meados do séc. XX; e que,<br />

desde os anos 60, já se mostrava ao autor como tendendo a tornar-se hegemônica.<br />

O livro A sociedade do espetáculo, de Debord, se constitui de duas centenas de teses<br />

que tratam, principalmente da alienação espetacular, da mercadoria como espetáculo, do<br />

triunfo da aparência, do tempo e do espaço espetaculares, e da cultura e da ideologia da so-<br />

ciedade do espetáculo. A perspectiva de Debord é crítica em relação a essa sociedade. Natu-<br />

ralmente, é compreensível que outros teóricos tenham reagido a essa crítica e, até mesmo, a<br />

transformado em louvor ou elogio do espetáculo. Assim, não faltam incentivos à sociedade<br />

espetacular e parece que esta enfrenta muito pouca resistência. A carência de abordagens<br />

críticas justifica a opção feita aqui pela perspectiva de Debord.<br />

A necessidade de explicitação do referencial teórico estabelecido por Debord deverá<br />

justificar a grande quantidade de citações desse autor nas próximas páginas. Assim sendo, a<br />

partir das 221 teses de Debord, se procurará destacar e comentar aquelas que podem contri-<br />

buir mais diretamente para a análise da homilética contemporânea.<br />

III.1.1 O espelho da vida<br />

A primeira tese do livro de Debord afirma que a vida das sociedades modernas “se a-<br />

presenta como uma imensa acumulação de espetáculos”; isto é, “tudo o que era vivido dire-<br />

539 Trata-se do Prefácio à 4ª. Edição italiana de A sociedade do espetáculo, lançada pelas Editoras Vallecchi, de<br />

Florença e Champ Libre, de Paris; e o livro DEBORD, Guy. Commentaires sur la société du spectacle. Paris:<br />

Éditions Férard Lebouici. 1988. Estes dois textos foram incluídos na edição brasileira preparada pela Editora<br />

Contraponto e publicado em 1997.<br />

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