18.02.2013 Views

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ainda para Monloubou, “o ato simbólico tem as mesmas propriedades que a palavra<br />

profética, as mesmas propriedades que o mundo bíblico reconhecia à Palavra” e “por serem<br />

discursos em ato, palavras em ação, as ações simbólicas eram mais aptas para significar a<br />

eficácia para a qual tendia a palavra do profeta”. 53<br />

Constata-se, portanto, que, da profecia bíblica, a práxis homilética herdou a solidarie-<br />

dade para com o povo que sofre e o engajamento no serviço de uma Palavra que transcende<br />

o orador o discurso verbal, chegando mesmo a expressar-se espetacularmente por meio de<br />

atos simbólicos significativos. Essa herança será mais ou menos notável nos pregadores do<br />

período do Novo Testamento.<br />

I.3 A homilética cristã<br />

A práxis dos sacerdotes, líderes e, principalmente, a dos profetas, definiu o que viria a<br />

ser a homilética cristã dos primeiros séculos. Não se trata de uma mera reprodução de esti-<br />

los, mas de uma reformulação substancial. A análise da práxis homilética de Jesus, dos a-<br />

póstolos e dos primeiros líderes cristãos, ajudará na compreensão do conceito de pregação<br />

cristã.<br />

I.3.1 A pregação de Jesus: uma homilética da (con)vivência<br />

Se João Batista foi o último dos profetas ao velho estilo, Jesus foi o protótipo dos pre-<br />

gadores cristãos. Muito embora não seja possível o acesso direto aos discursos de Jesus,<br />

ainda que pelo relato indireto daquelas comunidades que registraram a memória dos seus<br />

ditos e feitos significativos, pode-se identificar alguns dos aspectos que teriam contribuído<br />

para fazer de Jesus a referência maior do comunicador evangélico. Tais relatos mencionam<br />

o fato de que a maneira como Jesus discursava diferia da prática usual e impressionava as<br />

multidões: “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravi-<br />

53 MONLUBOU, 1986, p. 39.<br />

37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!