18.02.2013 Views

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ticamente a Bíblia ou outro texto [ou acontecimento] qualquer” 286 . Portanto, a rigor, “não há<br />

uma hermenêutica bíblica distinta de outra filosófica, sociológica, literária e tantas outras.<br />

Há uma só hermenêutica geral, da qual existem muitas expressões regionais”, além do que<br />

“o método e o fenômeno coincidem em todos os casos” 287 .<br />

Croatto registra que, no contexto filosófico, a tematização da hermenêutica na era mo-<br />

derna se dá “a partir de Schleiermacher 288 (c. 1800) e Dilthey 289 (c. 1900), passando por<br />

Heidegger 290 , logo por Gadamer 291 e Ricoeur 292 ”. Seus correlatos no campo teológico são<br />

“Fuches, Ebeling, Bultmann e a expansão postbultmaniana”. 293 Essa abordagem é marcada<br />

pela preocupação com “o que está atrás do texto (a história do autor)”, isto é, “pelo que se<br />

expressa em um texto, e não pelo que este diz”; Heidegger dá um salto qualitativo ao enten-<br />

der que “o ser que interroga é um ser no mundo”, o que implica no fato de que esse estar no<br />

mundo condiciona a interpretação; e Paul Ricoeur “destaca que o homem está dentro de<br />

uma tradição, e que o compreender é um sucesso finito daquela tradição”. 294<br />

A hermenêutica começa onde termina a crítica textual, cujo objetivo é asseverar as pa-<br />

lavras exatas dos textos originais. A hermenêutica, por sua vez, pretende estabelecer os<br />

princípios, métodos e regras necessários para a compreensão e desdobramento de sentido<br />

das palavras do autor. Por um lado, a exegese aplica esses princípios e leis buscando “tirar”,<br />

em termos formais, o significado das palavras do autor. Por outro lado, a ciência da inter-<br />

pretação depende essencialmente da exegese para manutenção e ilustração de seus princí-<br />

pios e regras. A exegese está para a hermenêutica assim como a pregação está para a homi-<br />

lética, isto é, como a prática está para a teoria.<br />

286<br />

CROATTO, 1994, p. 6. (Trad. nossa).<br />

287<br />

Id., ibid., p. 10. (Trad. nossa).<br />

288<br />

Ver SCHLEIERMACHER, 1999.<br />

289<br />

Ver DILTHEY, Wilhelm. Teoria de las concepciones del mundo. Madrid: Rev. de Occidente, 1974. 145 p.<br />

290<br />

Ver HEIDEGGER, Martin. Conceptos fundamentales: Curso del semestre de verano, Friburgo, 1941. Madrid:<br />

Alianza Editorial, 1994.<br />

291<br />

Ver GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica.<br />

Trad. Flavio Paulo Meurer. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 2002. 731 p. Pensamento humano.<br />

292<br />

Ver RICOEUR, Paul. O conflito das interpretações: ensaios de hermenêutica. Trad. Hilton Japiassu. Rio de<br />

Janeiro: Imago, 1978. 419 p. Logoteca.<br />

293<br />

Ver BULTMANN, Rudolf. Milagre: princípios de interpretação do Novo Testamento. Trad. Daniel Costa.<br />

São Paulo: Novo Século, 2003. 48 p. ISBN 85-86671-24-X.<br />

294<br />

Cf. CROATTO, 1994, p. 11-12. (Trad. nossa).<br />

104

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!