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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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I. 4. Homilética contemporânea e a herança teológica da história da proclamação<br />

Após esta breve revisão histórica, conclui-se que não há uma definição única para a<br />

homilética, porque não há de fato uma só homilética. O que se tem são homiléticas. Em ca-<br />

da época, o discurso religioso procurou cumprir seu papel da maneira que julgava ser a mais<br />

adequada, influenciando e sendo influenciado por seu tempo.<br />

Houve, portanto, no tempo do Primeiro Testamento, uma homilética da celebração do<br />

cotidiano, para os sacerdotes; uma homilética da sabedoria familiar, para os reis-pregadores;<br />

e uma homilética da contestação e da esperança, para os profetas. Na era cristã, a homilética<br />

caracterizou-se diferentemente, conforme os tempos, as culturas, as ideologias e as gentes<br />

que se iam modificando, de maneira mais ou menos coerentemente com a herança pré-<br />

cristã. Assim, sucedem-se a homilética vital (da vivência e da convivência), de Jesus; da<br />

emoção e da persistência, dos apóstolos; familiar e eloqüente, dos pais da igreja; mendican-<br />

te, na Idade Média; professoral, na Reforma; apologética e iluminada, no pós-Reforma;<br />

conversionista e estrangeira, no tempo das missões; militante e revolucionária, ou subservi-<br />

ente e alienada no tempo das revoluções modernas; e eletrônica e espetacular em tempos<br />

pós-modernos 248 .<br />

Naturalmente, as gerações homiléticas sucessoras ora se sentiam herdeiras das anterio-<br />

res, ora as rejeitavam como filhas rebeldes. Mas de uma forma ou de outra, não puderam se<br />

livrar completamente de suas influências e de suas raízes.<br />

Numa definição clássica, formulada por Karl Barth (1886-1968), são identificados<br />

dois aspectos fundamentais na homilética: a Palavra de Deus e a palavra humana. Para<br />

Barth, o pregador tem a tarefa de “anunciar a seus contemporâneos o que devem ouvir do<br />

próprio Deus, explicando por um discurso, no qual o pregador se expressa livremente, um<br />

texto bíblico que lhes afeta pessoalmente” 249 . A práxis homilética é essencialmente depen-<br />

dente de seu contexto histórico-temporal. Por isso, o pregador, ou o teólogo, “deve percorrer<br />

248<br />

Sobre a homilética em tempos pós-modernos, ver ANTUNES FILHO, Edemir. Análise do discurso religioso:<br />

marcas da pós-modernidade nas prédicas de uma Igreja Metodista no ABC. 2004. 161f. Mestrado - PÓS-<br />

CIÊNCIAS DA RELIGIÃO, São Bernardo do Campo, 2004. Orientação de: Clovis Pinto de Castro.<br />

249<br />

BARTH, Karl. A proclamação do Evangelho: homilética. Trad. Daniel Sotelo e Daniel Costa. 2 ed. São Paulo:<br />

Novo Século, 2003. p. 15-16.<br />

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