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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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237<br />

pectadores. Este necessariamente passa a ser o princípio gerador de sentidos.<br />

810<br />

As formas como os sentidos são gerados e os valores são atribuídos aos bens simbóli-<br />

cos variam. 811 Por exemplo, alguns desses valores podem ser aferidos mediante cifras mone-<br />

tárias (pela compra e venda de produtos simbólicos), outras em termos de audiência (status<br />

simbólico de pertença e prestígio), ou ainda na forma de fidelidade ideológica (engajamento<br />

simbólico em projetos e estilos de vida). De uma forma ou de outra, os valores veiculados<br />

pela mídia são precificados e quantificados, em uma palavra, são valorizados.<br />

III.2.3.2 Os fins justificam a mídia<br />

Feitas essas considerações sobre o poder simbólico e o capital cultural, pode-se, então,<br />

relacionar mais especificamente os fins homiléticos com a questão dos propósitos do espe-<br />

táculo. A que aspira, onde o espetáculo quer chegar? Para Debord, e seu caráter fundamen-<br />

talmente tautológico está em que seus meios são, ao mesmo tempo, seu fim (tese 13). Na<br />

sociedade do espetáculo, “o fim não é nada, o desenrolar é tudo” 812 . Não se pretende chegar<br />

a nada que não seja o próprio espetáculo (tese 14). Se Debord estiver certo, e o propósito do<br />

espetáculo for mesmo o próprio espetáculo, segue-se que as várias instâncias da sociedade<br />

que aderiram a essa mesma lógica não têm outro fim que não seja a encenação mesma, a<br />

representação, a atuação. Por conseguinte, a religião espetacular não teria como finalidade,<br />

por exemplo, religar o divino com o humano, como se diz nos livros de sociologia das reli-<br />

giões, mas encenar, representar, essa religação. Não é necessária a experiência de Deus,<br />

basta a simulação dessa experiência.<br />

Conquanto o propósito do espetáculo seja o próprio espetáculo, este se constitui como<br />

produto e, portanto, como propósito, de interesses econômicos. O espetáculo é a principal<br />

produção da sociedade atual (tese 15) e domina os que estão dominados pela economia (tese<br />

16). O espetáculo vende tudo e simula tudo. Na tese 34, Debord afirma que “o espetáculo é<br />

o capital em tal grau de acumulação que se torna imagem”.<br />

810<br />

PATRIOTA,<br />

811<br />

Sobre “religião e mercado”, ver o cap. 3 de CAMPOS, 1997, p. 115-164<br />

812<br />

DEBORD, 1997, p. 17.

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