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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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A partir do versículo 9, Jeremias retoma o discurso-denúncia (contestação):<br />

9 Acerca dos profetas. O meu coração está quebrantado dentro de mim;<br />

todos os meus ossos estremecem; sou como homem embriagado e como<br />

homem vencido pelo vinho, por causa do SENHOR e por causa das suas<br />

santas palavras. 10 Porque a terra está cheia de adúlteros e chora por<br />

causa da maldição divina; os pastos do deserto se secam; pois a carreira<br />

dos adúlteros é má, e a sua força não é reta. 11 Pois estão contaminados,<br />

tanto o profeta como o sacerdote; até na minha casa achei a sua<br />

maldade, diz o SENHOR. [...].<br />

Nas palavras de outro historiador da homilética, o Rev. John Kerr, “a missão do profe-<br />

ta era passar da forma à substância, do símbolo à realidade, do ritual à justiça e à verda-<br />

de” 50 . Deve-se acrescentar, portanto, a respeito dos profetas, que sua pregação não se res-<br />

tringia ao discurso oral. Muito de sua pregação se efetivava por meio de atos simbólicos, do<br />

gestual, do vestuário (ou ausência dele) e do seu próprio estilo de vida. Conforme salientou<br />

Louis Monloubou, em seu livro sobre o profetismo bíblico, os profetas se comunicavam<br />

verbalmente (alguns chegavam a gritar, cf. Is 40.6), alguns poucos escreviam suas mensa-<br />

gens, mas, “falado ou escrito, o seu discurso, feito de palavras e de frases, se desdobrava em<br />

outra linguagem, a dos sinais, dos gestos”. Portanto “a palavra dos profetas era também<br />

‘gestual’; as suas proclamações oratórias eram pontilhadas de atos significativos”: 51 rasgan-<br />

do mantos (1Rs 11.30-32), brandindo chifres de ferro (1Rs 20.35-43), casando com prostitu-<br />

tas (Oséias), dando nomes-mensagens aos filhos (Is 7.3; 8.3; 7.14; 8.3s), andando nus e des-<br />

calços (Is 20), lavando cintos no Eufrates (Jr 13.1-11), quebrando jarros (Is 19), carregando<br />

cangas no pescoço (Jr 27), trancando-se em casa, mudos e atados (Ez 3.24-64), cortando<br />

fios da barba e do cabelo (Ez 5.1-3), comendo alimento de miséria (Ez 12.17-20), para ci-<br />

tarmos uns poucos exemplos.<br />

“A tradição dos gestos, espetaculares às vezes, mas sempre significativos, continuou<br />

no Novo Testamento”. 52 O último dos grandes profetas foi João Batista que tinha um estilo<br />

de vida ascético, praticava o ritual do batismo para concretizar sua pregação, além disso,<br />

vestia-se de forma inusitada com pele de camelo e alimentava-se degafanhotos e mel silves-<br />

tre (cf. Mt 3.1-12).<br />

50 KERR, 1938, p. 28.<br />

51 MONLUBOU, 1986, p. 36.<br />

52 Id., ibid., p. 38.<br />

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