A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos
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A função técnica do conceito de redundância e entropia, aplicado ao processo comu-<br />
nicacional, foi desenvolvido inicialmente por Shannon e Weaver em sua teoria da comuni-<br />
cação. 696 Outros cientistas da comunicação ampliaram essa abordagem técnica e apontaram<br />
para a sua dimensão social. Segundo John Fisk, “a redundância é aquilo que, numa mensa-<br />
gem, é previsível ou convencional. Portanto, uma mensagem previsível e com pouca infor-<br />
mação é redundante. O oposto da redundância é a entropia” 697 . De uma mensagem que con-<br />
tenha muita informação com “caráter de novidade” 698 , diz-se, portanto, que é entrópica.<br />
Tecnicamente, a redundância é imprescindível no processo comunicacional, pois é por<br />
meio dela que se torna possível uma decodificação livre (ou quase isso) de erro de uma<br />
mensagem. A redundância é fundamental no processo de superação das deficiências de um<br />
canal com ruído, pois, por meio da repetição compensa-se eventuais interferências. A re-<br />
dundância ajuda também a superar os problemas de transmissão de uma mensagem entrópi-<br />
ca e inesperada. A mensagem entrópica, para ser assimilada, precisará ser abordada mais do<br />
que uma vez e de maneiras diferentes. A redundância resolve, ainda, problemas associados à<br />
audiência heterogênea, pois quanto mais amplo for o público, menos especializada e homo-<br />
gênea, isto é, menos entrópica, poderá ser a mensagem. Compreende-se que a escolha do<br />
canal determina o grau de redundância da mensagem veiculada: quanto maior seu alcance,<br />
mais redundante, quanto mais especializado for sua audiência, mais entrópica poderá ser. 699<br />
Socialmente, a função da redundância se aproxima do que Jakobson chamou de comu-<br />
nicação fática. 700 Jakobson refere-se a atos comunicacionais que não contêm mensagens<br />
novas, nem informações, e que servem apenas para manter os canais de comunicação aber-<br />
tos e utilizáveis (como dizer “Olá” na rua). Além de manter uma relação existente, essa co-<br />
municação redundante a fortalece, porque as relações só são possíveis quando a comunica-<br />
ção é constante. Além disso, a comunicação fática ajuda a manter a “coesão de uma comu-<br />
nidade ou sociedade” por meio do que se chama convencionalmente de “boas maneiras” ou<br />
696<br />
Ver SHANNON, Claude Elwood & WEAVER, Warren. The mathematical theory of communication. Illinois:<br />
University of Illinois Press, 1949.<br />
697<br />
FISKE, John. Introdução ao estudo da comunicação. 4 ed. Porto Codex, Portugal: Asa Editores, 1988. 268.<br />
p. 25.<br />
698<br />
KIRST, 1996, 216 p.<br />
699<br />
Para ampliar essa discussão sobre redundância e entropia, ver FISKE, 1988, p. 25-33.<br />
700<br />
Cf. JAKOBSON, Roman & HALLE, Morris. The fundamentals of language. The Hague: Mouton, 1956. Ver<br />
também JAKOBSON, Roman. Lingüística e comunicação. Prefácio de Izidoro Blikstein; trad. Izidoro Blikstein<br />
eJosé Paulo Paes. 17 ed. São Paulo: Cultrix, 2000. 162 p.<br />
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