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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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Escrevendo sobre Religião, política e comunicação, Marcelo Barros afirma que “co-<br />

mo em qualquer campo do mercado, também na mídia, exacerba-se a disputa de espaços e a<br />

concorrência entre canais” 241 .<br />

A televisão tem sido usada, ainda que de maneira precária e amadora, pelos mais dife-<br />

rentes grupos religiosos para transmitir cultos ou missas, doutrinações e catequeses, teste-<br />

munhos e entrevistas — tudo regado a muita música. Na opinião de Katianne Jouguet, “a<br />

falta de recursos tecnológicos, de qualidade, de conteúdo e de uma linguagem global/geral e<br />

concisa, tem proporcionado a estagnação no processo de convencimento de telespectadores<br />

assíduos” além do que, “normalmente, as programações religiosas são maçantes, repetitivas<br />

e não chamam a atenção” 242 .<br />

Para compensar a “chatice” dos longos sermões, recorre-se aos testemunhos, e aos<br />

programas de entrevistas, com a intensão de promover a experiência do próprio fiel, e esta-<br />

belecer maiores vínculos entre a linguagem da audiência e a dos telepregadores. 243 Con-<br />

quanto as igrejas televisivas se assumem como mediadoras da experiência com o sagrado, o<br />

recurso aos testemunhos as exime de responsabilidades por eventuais fracassos na obtenção<br />

das promessas feitas pelos programas religiosos. O fato de alguém testemunhar a ocorrência<br />

de milagres é prova inconteste de que se estes não acontecem com o telespectador, a culpa<br />

não é nem de Deus, nem da igreja (ou do programa religioso), mas do próprio indivíduo que<br />

deve estar falhando em alguma coisa: ou falta-lhe fé, ou não cumpriu com determinadas<br />

obrigações, ou ainda, deve haver algum pecado oculto que precisa ser confessado, ou mes-<br />

mo porque suas contribuições financeiras não estão à altura da graça pretendida.<br />

Testemunhos e entrevistas, que relatam conquistas materiais como resultado experi-<br />

ências espirituais extraordinárias, estabelecem pontes entre o divino e o humano, o sagrado<br />

e o profano, como observaram Patriota e Turton,<br />

241 BARROS, Marcelo. Religião, Política e Comunicação. 10.05.05. Em Adital Notícias da América Latina e<br />

Caribe. Disponível em http://www.adital.com.br/site/noticias/16462.asp?lang=PT&cod=16462. Consultado em<br />

julho de 2005.<br />

242 JOUGUET, Katianne. Erguei as mãos, porque assim não dá! Canal da Imprensa. 30 de outubro de 2003, 22.ª<br />

edição. Disponível em http://www.canaldaimprensa.com.br/anteriores/vint2.asp. Consultado em julho de 2005.<br />

243 Brose menciona uma pesquisa feita na Inglaterra, no final do século XX, que demonstra que o interesse por<br />

programas de entrevistas e de testemunhos despertam maior interesse na audiência do que programas que<br />

simplesmente retransmitem cultos dominicais e seus respectivos sermões. Cf. BROSE, Reinaldo. Cristãos<br />

usando os Meios de Comunicação Social: Telehomilética. São Paulo: Paulinas, 1980. p. 50.<br />

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