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A PREGAÇÃO NA IDADE MÍDIA - Luiz Carlos Ramos

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eterno presente que promove a cultura do imediatismo. Os métodos espetaculares de sedu-<br />

ção são, principalmente: a exploração da experiência narcisista; o emprego dos mecanismos<br />

transferência resultante do fascínio exercido pelas estrelas; a recorrência aos estereótipos<br />

simplificadores; o emprego da redundância fática e enfática; e o apelo à tríade jogo-<br />

violência-sexo. Os fins espetaculares são os seus próprios meios (ou os meios são seu pró-<br />

prio fim), isto é: a valorização/precificação do poder simbólico por meio do entretenimento.<br />

Dentre os muitos fatores que desafiam a prática homilética contemporânea, considera-<br />

dos comparativamente, ao longo desta tese, com base no conceito de sociedade do espetácu-<br />

lo, pode-se destacar:<br />

� O fato de que, nos últimos anos, a mídia teha se revestido da aura religiosa. A<br />

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TV ascendeu à categoria divina ao assumir para si atributos que antes eram<br />

reservados a Deus: onipresença, onisciência e onipotência. A escatologia re-<br />

ligiosa que, em outros tempos, projetava para o futuro a plena redenção dos<br />

fiéis, e rejeitava a modernidade e seu progresso tecnológico, foi, em grande<br />

parte, abandonada pela religião da mídia. A escatologia espetacular não teme<br />

o progresso, ao contrário, parece deslumbrar-se, principalmente, com seu a-<br />

parato tecnológico. Em sintonia, mídia e religião compartilham o contexto<br />

espetacular, no qual vivem, se movem e existem.<br />

� A constatação de que as bases para a moderna indústria do entretenimento es-<br />

tão na prática, comum a muitos segmentos religiosos, de depor o racional e<br />

entronizar o sensacional. A maior descoberta da indústria do entretenimento<br />

foi a de que o que realmente move as pessoas não é a razão ou a consciência,<br />

mas a emoção, a sensação e o inconsciente. As emoções e as sensações são os<br />

fins do entretenimento e isso ele obtém porque diverte, é de fácil assimilação,<br />

sensacional e não-racional. Trata-se de um mundo onde os sentidos triunfa-<br />

ram sobre a mente, a emoção sobre a razão, o caos sobre a ordem, o id sobre<br />

o superego. A profundidade da fé passa a ser medida não pela qualidade teo-<br />

lógica dos seus postulados, mas pela intensidade do sentimento do indivíduo<br />

que se abandona no fervor religioso.<br />

� A noção de que, se, por um lado, em outros tempos, a programação televisiva<br />

encontrou inspiração na prática homilética religiosa, atualmente, se dá o ca-

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