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Viagens pelo Amazonas e Rio Negro[-WwW.LivrosGratis.net-](1)

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<strong>Viagens</strong> <strong>pelo</strong> <strong>Amazonas</strong> e <strong>Rio</strong> <strong>Negro</strong> 201<br />

A vegetação, nos seus arredores, não era de maneira alguma<br />

pujante, encontrando-se poucas flores que mereçam alguma referência.<br />

Na verdade, muitas de nossas cavernas dos distritos calcários<br />

da Inglaterra são muito mais pitorescas e mais interessantes.<br />

Eu ouvira falar, aqui, acerca de uma planta que cresce nos<br />

brejos e terrenos pantanosos, e estava convencido de que deveria ser a<br />

vitória-régia.<br />

O Sr. Nunez informara-me que esta era abundantemente encontrada<br />

perto de sua casa, e, na manhã seguinte, muito cedo ainda,<br />

mandou que um índio fosse buscar um espécimen.<br />

Após alguma demora, trouxe-nos o homem uma, que estava<br />

com a flor meio aberta.<br />

A folha era de cerca de 4 pés de diâmetro.<br />

Muito me regozijei de ter tido oportunidade de ver, afinal, a<br />

célebre planta.<br />

Como, entretanto, ela já se tornou coisa relativamente muito<br />

vulgar na Inglaterra, não é necessário que eu aqui a descreva. 64<br />

64 Wallace, tão pródigo e imaginoso nas suas descrições, passou sobre a “vitória-régia”<br />

quase como “gato por brasas”. Todavia, ao capítulo XV, faz-lhe ainda uma<br />

rápida referência, e chega a dizer o seguinte: “Eu não considero a flor da vitória-régia<br />

mais bela do que a nossa Nymphaea alba, muito embora aquela seja muito<br />

maior do que esta, nem tão pouco seja aquela ornamento tão comum dos rios<br />

tropicais, como esta última o é das nossas águas.”<br />

Acho bastante oportuno, por isso mesmo, incluir aqui, como nota esclarecedora,<br />

a primorosa descrição que o membro da Academia Brasileira de Letras, Sr.<br />

Oswaldo Orico, no seu livro “Vocabulário de crendices amazônicas”, fez da dita<br />

flor, e que, data venia, faço minha:<br />

“VITÓRIA-RÉGIA – As vitórias-régias sempre exerceram uma alta fascinação<br />

entre os nossos artistas, tanto entre aqueles que a viram na pompa de suas alvas<br />

bandejas, como entre os que apenas lhe adivinharam o diâmetro floral, aberto<br />

no seio dos lagos amazônicos. Cantada em prosa e verso, festejada por naturalistas<br />

e poetas, são essas ninfeáceas o grande ornamento que emerge naquelas<br />

águas longínquas, como símbolo da força e da majestade da natureza.<br />

“Constitui, geralmente, um dos mais belos espetáculos para os olhos, surpreender-se<br />

de longe, no círculo daquelas águas paradas, silenciosas, as imensas baixelas,<br />

que parecem ter ali ficado, como sobejos de um banquete de deuses.<br />

“No meio da profunda melancolia do verde, que se observa em todas as direções,<br />

rasga-se o cristal de onde emerge a estranha rainha ou estrela águas amazônicas,<br />

estendendo à superfície imóvel as salvas, em que a natureza luxuriante serve<br />

à nossa vista deslumbrada os prodígios de sua criação.<br />

“Embora maravilhosa na sua compleição, imponente nos aspectos que nos oferece<br />

durante o dia, só de noite se completa o ciclo de sua força, do seu esplendor<br />

tropical. Só à noite ela desabrocha inteiramente, acordando ao luar e espre-

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