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Viagens pelo Amazonas e Rio Negro[-WwW.LivrosGratis.net-](1)

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510 Alfred Russel Wallace<br />

É fato freqüentemente referido, e que parece plenamente<br />

comprovado, que o <strong>Amazonas</strong> invade o oceano com as suas águas doces<br />

até uma distância de 150 milhas da foz.<br />

É fato também geralmente sabido que a maré avança rio adentro<br />

até Óbidos, situada 500 milhas para cima da barra do <strong>Amazonas</strong>.<br />

Estas duas ocorrências parecem irreconciliáveis, pois não é<br />

fácil compreender-se como as marés possam atingir a tal distância, e, todavia,<br />

não transportem nenhuma água salgada.<br />

Mas o que parece também ser fato verificado é que nunca a<br />

maré corre de todo <strong>pelo</strong> rio acima; as águas do <strong>Amazonas</strong> levantam-se<br />

apenas, e – tanto durante a preamar ou maré alta, como durante a baixante<br />

ou vazante – as suas águas conservam-se correndo rapidamente para baixo.<br />

Isso sucede até bem perto da foz do <strong>Amazonas</strong>.<br />

Na ilha de Mexiana, que já se acha exposta ao alto-mar, as<br />

suas águas são sempre doces, e pode-se bebê-las em toda a roda do ano.<br />

Sendo a água salgada mais pesada do que a água doce, aquela<br />

poderá correr no fundo do rio, enquanto as águas doces correm por cima,<br />

ainda mesmo que seja difícil conceber-se como é que isto possa verificar-se<br />

em toda a sua extensão, e sem que apareça água salgada nas margens.<br />

O levantamento das águas a tão grande distância rio acima,<br />

no entanto, pode ser explicado facilmente, e serve para provar também<br />

que o declive do rio, até aonde a maré deixa de produzir seus efeitos,<br />

não deve ser grande.<br />

De resto, levantando-se as águas do oceano, as do rio deveriam<br />

ficar represadas; porém a velocidade da sua correnteza força as suas<br />

águas a romper para diante.<br />

Não é fácil compreender-se como as águas podem levantar-se,<br />

ficando com um nível mais alto do que as do oceano, que são a<br />

causa, afinal, de tal levantamento.<br />

Podemos, portanto, supor que em Óbidos onde a maré cessa<br />

de produzir os seus efeitos, o rio está justamente ao nível do oceano, nas<br />

suas mais altas marés.<br />

Fenômeno algo um tanto idêntico é o que se verifica na barra<br />

do rio Tapajós.

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