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Viagens pelo Amazonas e Rio Negro[-WwW.LivrosGratis.net-](1)

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562 Alfred Russel Wallace<br />

É fato indiscutível que podem devorar cavalos e reses; e é<br />

crença geral, na região, que elas atingem, algumas vezes, a 60 ou 80 pés<br />

de comprimento. 169<br />

São abundantes no <strong>Amazonas</strong>, e em todos os seus tributários,<br />

três ou quatro espécies de jacarés.<br />

Alguns dos jacarés menores são comidos <strong>pelo</strong>s nativos, os<br />

quais, a seu turno, por vezes são também devorados <strong>pelo</strong>s maiores.<br />

Em muitas aldeias, algumas pessoas já foram mutiladas por<br />

eles, e muitas crianças, quase todos os anos, são por eles devoradas.<br />

Das diferentes espécies desses répteis comem-se os ovos, embora<br />

tenham um cheiro fortemente almiscarado.<br />

As maiores espécies (Jacaré nigra) alcançam o comprimento de<br />

15 pés, mais raramente de 20 pés.<br />

Os mais interessantes e mais úteis dos répteis do <strong>Amazonas</strong>,<br />

são, contudo, as tartarugas de água doce, as quais pertencem a várias espécies,<br />

fornecendo todas um abundante e salutar alimento.<br />

169 Como poucos europeus é que têm visto estas enormes serpentes, sendo verdade<br />

existirem algumas de tão extraordinário tamanho, que são capazes de engolir um<br />

boi ou um cavalo (no que dificilmente se acredita), aqui acrescento a seguinte<br />

narrativa de autoria de um competente observador e cientista, o bem conhecido,<br />

viajante e botânico, dr. Gardner. Em seu livro “Travels in Brazil”, à pág. 356,<br />

diz ele:<br />

“Nos brejos deste vale, na província de Goiás, perto de Arraias, encontra-se a<br />

Boa constrictor, que chega, por vezes, a atingir grande tamanho. Não é rara, pois,<br />

que em toda esta província, e principalmente nos matos das beiradas de lagos,<br />

brejos e córregos, é comumente encontrada. Algumas vezes, chega a atingir o<br />

enorme comprimento de 40 pés. A maior, que eu mesmo vi, era dessa categoria,<br />

porém, não estava viva. Algumas semanas antes de nossa chegada ao Sapé, o cavalo<br />

de sela do Sr. Lagoriva, que havia sido posto perto da casa a pastar, não<br />

houve possibilidade de ser encontrado, embora para isso houvesse sido feito um<br />

rigoroso e cuidadoso campeio em toda aquela fazenda. Pouco depois, um vaqueiro,<br />

quando ia passando junto ao mato da margem de um córrego, viu uma<br />

enorme Boa suspensa na forquilha de uma árvore, que pendia sobre as águas. Ela<br />

estava morta; mas, evidentemente, para ali fora arrastada ainda viva por uma recente<br />

inundação, e, achando-se em estado inerte, não pôde desembararçar-se da<br />

forquilha, antes de baixarem as águas. Ela dali fora retirada e arrastada para o<br />

campo, por dois cavalos, verificando-se então que media 37 pés de comprimento.<br />

Abrindo-se-lhe os intestinos encontraram-se-lhe no ventre os ossos de um<br />

cavalo, algo um tanto partidos e já estando semiputrefeita a carne. Os ossos da<br />

cabeça nada haviam sofrido. Por essas circunstâncias, concluímos que a Boa havia<br />

engolido o cavalo inteiro.” (Nota do autor.)

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