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Viagens pelo Amazonas e Rio Negro[-WwW.LivrosGratis.net-](1)

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<strong>Viagens</strong> <strong>pelo</strong> <strong>Amazonas</strong> e <strong>Rio</strong> <strong>Negro</strong> 259<br />

privações que um homem pode suportar, o que, numa comunidade civilizada,<br />

seria unicamente o resultado da mais íntima pobreza.<br />

No dia 8, chegamos a Castanheiro, e ali ficamos um dia, em<br />

casa de outro português, que era um dos mais ricos negociantes daquelas<br />

margens do rio.<br />

Devia ele a sua riqueza principalmente ao ter-se sempre firmemente<br />

recusado a comprar mercadorias a crédito, o que é, de resto,<br />

costume nessa região.<br />

Assim, é sempre senhor de si próprio, ao invés de ser escravo<br />

dos negociantes de Barra e de Belém, podendo, portanto, comprar as<br />

suas mercadorias por preços muito mais baratos e vendê-las <strong>pelo</strong>s preços<br />

mais caros do mercado.<br />

Com o seu alto espírito econômico, mas com tendência a avareza,<br />

já havia acumulado umas 5.000 ou 6.000 libras esterlinas, e a sua fortuna<br />

vai aumentando, por essa forma, rapidamente, pois neste país nada há que<br />

seja custoso para um homem viver, a não ser que ele jogue ou beba.<br />

Comercia com os índios, e ele mesmo, em canoa de sua propriedade,<br />

leva os produtos adquiridos destes últimos para Belém do<br />

Pará, e lá compra somente as mercadorias que sabe serem as mais vendáveis<br />

e que dão maiores lucros, ganhando cerca de cento por cento em<br />

todas as transações que faz.<br />

O que fica dito serve bem para dar uma idéia das condições<br />

desta região, e, melhor ainda, sabendo-se que, embora este homem se<br />

distinga de todos os outros negociantes quais em tudo o favorecem,<br />

todavia raramente se fala dele.<br />

E isso tão somente porque não faz extravagâncias, nem toma<br />

parte em pagadeiras, que ele julga melhor evitar. Um pouco adiante, passamos<br />

por mais algumas curiosas inscrições indígenas, em uma rocha de<br />

granito, das quais fiz um esquema.<br />

No dia 11, alcançamos Wanawcá, 85 morada de um brasileiro,<br />

de Pernambuco, que fora banido para o <strong>Rio</strong> <strong>Negro</strong>, por ter tomado parte<br />

em revoluções.<br />

85 Araújo e <strong>Amazonas</strong>, ob. cit., págs. 350-351, ao invés dessa grafia do autor, dá ao<br />

topônimo duas formas: Uananacoá e Uaranacoá.

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