22.12.2015 Views

Viagens pelo Amazonas e Rio Negro[-WwW.LivrosGratis.net-](1)

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

456 Alfred Russel Wallace<br />

Os negociantes residentes em aldeias indígenas, que passam<br />

às vezes muitos meses sem ver uma pessoa qualquer, procedente de<br />

uma parte civilizada, costumam errar dois ou três dias, na computação<br />

de datas.<br />

Mesmo nos lugares mais populosos onde todos os habitantes<br />

dependem do padre ou do comandante, têm-se verificado enganos dessa<br />

natureza.<br />

Alguns domingos e dias santos, por vezes, não têm sido respeitados<br />

nos dias próprios, sendo as segundas-feiras e outros dias comuns<br />

guardados como dias-santos, em seu lugar, o que é um verdadeiro horror<br />

para todos os bons católicos.<br />

Na manhã seguinte, dei uma volta pela aldeia, comprando então<br />

do tuxaua mais alguns papagaios e periquitos, ornatos de penas e pequenos<br />

potes.<br />

E dali, não achando pessoa alguma que quisesse acompanhar-me<br />

até Jauarité, tendo, nesse sentido, tentado em vão arranjar índios<br />

para irem comigo até lá, resolvi, mesmo assim, seguir para São-Jerônimo.<br />

Ao chegar à primeira queda, a de Pinupinu, 144 ali somente<br />

encontramos um índio que aproveitamos para mandar até à aldeia, a fim<br />

de arranjar-nos ele alguns companheiros mais.<br />

Naquele dia, porém, eles não estavam dispostos a viajar e perdemos,<br />

assim, uma excelente oportunidade para o prosseguimento da<br />

viagem pois o dia estava muito bonito.<br />

No dia seguinte, consoante já se esperava, começou uma chuva<br />

importuna.<br />

Malgrado esse contratempo, os índios vieram, e, mesmo<br />

debaixo de chuva, prosseguimos a viagem.<br />

Por volta do meio-dia, tendo estiado um pouco, passamos<br />

pela cachoeira de Panoré, e aportamos com toda a segurança, sem nenhum<br />

incidente desagradável, à aldeia de São-Jerônimo.<br />

144 Pinu-pinu (veja-se Stradelli, ob. cit., pág 601) é o nome de uma urtiga muito<br />

comum no <strong>Amazonas</strong>, e da qual se servem os índios do Uaupés para a cura de<br />

dores reumáticas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!